"Após o rompimento de uma das lagoas de contenção de
resíduos da Usina Santa Rita, ocorrido na sexta-feira, 4 de
outubro, por volta das 19 horas, e situada às margens do rio
Mogi Guaçu, no município de Santa Rita do Passa Quatro-SP, o
CEPTA – Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes
Continentais, situado em Pirassununga-SP, realizou em
conjunto com o Ibama – Ribeirão Preto, acompanhamento em
toda a região afetada pelo acidente, onde constatou a
gravidade do dano provocado à toda a fauna aquática do rio
Mogi Guaçu, consequentemente afetando as gerações futuras da
fauna do ecossistema Mogi-Pardo-Grande.
O acidente industrial lançou volume significativo de resíduo
industrial da usina de álcool no leito do rio Mogi, que
provocou mortandade de peixes. Equipes do CEPTA, que durante
dois dias percorreram o rio desde a origem do derramamento,
constataram que a mancha de resíduo percorreu uma extensão
de pelo menos 110 quilômetros de extensão, desde o local do
acidente, em Santa Rita do Passa Quatro, até proximidades do
município de Guatapará-SP.
Moradores locais informaram que o resíduo lançado permaneceu
visível na região por até dois dias, sendo que A 90 km do
local do acidente ainda era possível identificar manchas do
resíduo nas margens do rio. Este trecho de rio é de extrema
importância para a conservação da fauna aquática do rio
Mogi, uma vez que atravessa glebas do Parque Estadual
Vassununga e a Estação Ecológica de Jataí, locais com grande
concentração de lagoas marginais, importantes como locais de
reprodução de peixes.
O rio Mogi Guaçu é considerado um dos maiores berçários de
peixes de água doce do estado de São Paulo e atualmente
encontra-se amparado pelo Plano de Ação Nacional
Mogi-Pardo-Grande, que prevê ações de proteção às espécies
ameaçadas de extinção em todo o ecossistema.
O CEPTA constatou a mortandade significativa de exemplares
de várias espécies, como cascudos, curimbatás, piaparas,
lambaris, canivetes, pintados, cacharas, piavas,
peixes-sapo, mandis, pirambevas, sendo que o peixe-sapo e o
curimbatá-de-lagoa encontram-se constantes da lista de
espécies ameaçadas de extinção.
Muitos exemplares encontrados mortos foram dissecados, as
fêmeas ovadas apresentando estado gonadal em
desenvolvimento, significando que as mesmas já se
encontravam em período de piracema, com possível desova na
região de Cachoeira de Emas no final de novembro a início de
dezembro. Com isso, parcela significativa das espécies que
já se encontravam no início da piracema foram mortas, que
afetarão diretamente os estoques de peixes futuros no rio
Mogi Guaçu.
A responsabilização do acidente ambiental encontra-se a
cargo da CETESB. O trabalho do CEPTA visa contribuir com
todo o procedimento de apuração do dano ambiental."
O ACIDENTE -
A maior tragédia
ambiental da história dos municípios de Descalvado e Santa Rita
do Passa Quatro levou à morte milhares de peixes no Rio
Mogi-Guaçu na noite da última sexta-feira, dia 04 de outubro.
Um tanque de armazenamento de material
orgânico da Usina Santa Rita estourou devido ao acumulo da água da chuva, despejando no leito do rio uma
enorme quantidade de resíduos poluentes.
De acordo com a
equipe da CETESB que esteve no local no dia seguinte ao acidente, foi possível constatar o
lançamento de resíduos provenientes do tanque de armazenamento
da usina diretamente no rio, além do registro da
grande mortandade de peixes.
As amostras
colhidas foram enviadas para a agência em Ribeirão Preto e o
resultado da avaliação deverá sair nos próximos dias. Caso
seja constatada a responsabilidade pelo acidente, a usina deverá
ser punida com multas e o processo encaminhado ao Ministério
Público para que sejam tomadas as medidas cíveis e penais
cabíveis.
Para se ter uma
idéia da extensão do dano causado, pescadores da cidade de
Rincão, situada ha mais de 80 Km abaixo do local do acidente, também
registraram a morte de uma grande quantidade de peixes, além de
notarem a presença manchas escuras provenientes do resíduo
despejado no Rio Mogi.
*Com informações de Difusora Pirassununga