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Pecuaristas da região têm investido no mercado de produtos orgânicos,
estimulados por novas técnicas de produção, que fazem parte de um projeto da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em uma fazenda
de Itirapina, o pasto sem adubo químico e o controle rigoroso na dieta dos
animais, a base de milho sem agrotóxico, ajuda na produção de leite orgânico.
“São utilizados
adubos orgânicos. O que as vezes é subproduto de uma cultura
serve como ingrediente para nossa pastagem, como a cama de sai
do aviário e o esterco vai ser compostado para retornar tanto
para agricultura quando para nossas pastagens”, explicou o
veterinário Marcelo de Figueiredo e Silva. |
Os cuidados com a saúde dos animais são preventivos. Não são
usados hormônios nem inseticidas e antibióticos tem restrições.
As vacas recebem um tratamento a base de homeopatia, que inclui
um spray que é aplicado no focinho para ajudar a diminuir o
estresse do animal.
“Tem que ter um
controle e um registro de toda medicação e a dosagem. A gente
respeita o período de carência por, pelo menos, o dobro do que é
recomendado. Além do que, em se tratando de um animal que está
em tratamento ser vaca em lactação, nós ainda registramos o
descarte do leite, que não é aproveitado nem para alimentar os
bezerros”, contou Figueiredo e Silva.
Produção
- A propriedade possui 170 vacas, da raça girolando, que
produzem dois mil litros de leite por dia. “O leite orgânico,
porque parte de adubação organiza no solo, tende a concentrar
mais elementos como aromas, sabores e perfumes”, afirmou o
engenheiro agrônomo Richard Charity.
Toda a
produção é processada na fazenda e dá origem a outros
produtos orgânicos, como manteiga, iogurte, queijo e
requeijão. A estimativa é triplicar a produção nos
próximos três anos, mas para isso será necessário mais
parceiros. Um projeto da Embrapa ajuda a estimular
outros produtores da região a investir nas novas
técnicas.
“A Embrapa
e a Prefeitura de São Carlos estão participando junto na
capacitação dos técnicos e no acompanhamento desses
produtores no processo de conversão e produção de leite
orgânico, que vai atender um nicho de mercado especifico
de clientes que estão dispostos a pagar um pouco mais
por esse produto que é diferenciado”, disse André Luiz
Monteiro Novo, engenheiro agrônomo da Embrapa. |
Produtos derivados são beneficiados com técnica
(Foto: Ely Venâncio) |
No início, as
técnicas podem diminuir a produção em 20% e a propriedade tem
que passar por mudanças que demoram, no mínimo, seis meses. Os
gastos mais altos também geram um lucro maior. O litro de leite
orgânico pode ser vendido por um preço 50% acima que o produzido
pela técnica convencional.
A produtora
rural Cristiane Alves Perossi tem um sítio e pretende investir
no projeto, apesar do custo de produção, que pode ficar 35% mais
caro.
“Os estrumos são
caros, o plantio do milho é muito caro e a adubação também, mas
o preço pago pelo leite orgânico estimula o produtor rural. Com
certeza tem um mercado crescente e é um bom negócio”, declarou
Cristiane.
*Fonte: G1/São Carlos
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