| 
				 
				 
				O acidente aconteceu por volta das 19h00 e em pouco mais de uma 
				hora, pescadores e rancheiros que se encontravam naquela região 
				ficaram assustados e revoltados com a enorme quantidade de 
				peixes que começaram a saltar para fora da água, tentando 
				desesperadamente escapar da mancha que tomou conta do rio. 
				
				Em pouco tempo, 
				milhares de peixes começaram a boiar no leito do Mogi, causando 
				uma mortandade inimaginável de peixes. O dano ambiental talvez 
				nunca poderá ser calculado, uma vez que estamos no período 
				próximo à piracema, e segundo os pescadores, a quantidade de peixes com óvulos já é 
				imensa. De acordo com o Terceiro Sargento da Polícia Ambiental de 
				Santa Rita do Passa Quatro, Marcelo Ferreira, a polícia só foi 
				informada do acidente após a denuncia de alguns pescadores, que 
				desesperados, não compreendiam o que estaria acontecendo 
				enquanto tentavam salvar os peixes. 
				
				Segundo o  
				Sargento Ferreira, ao verificar o ocorrido, a Polícia Ambiental 
				acionou os técnicos da CETESB de Ribeirão Preto para coletar 
				amostras da água do Rio Mogi e do material despejado da barragem 
				para uma análise em laboratório. 
				
				De acordo com a 
				equipe da CETESB que esteve no local, foi possível constatar o 
				lançamento de resíduos provenientes do tanque de armazenamento 
				da Usina Santa Rita diretamente no rio, além do registro da 
				grande mortandade de peixes. 
				
				As amostras 
				colhidas foram enviadas para a agência em Ribeirão Preto e o 
				resultado da avaliação deve sair entre cinco a dez dias. Caso 
				seja constatada a responsabilidade pelo acidente, a usina deverá 
				ser punida com multas e o processo encaminhado ao Ministério 
				Público para que sejam tomadas as medidas cíveis e penais 
				cabíveis. 
				
				Para se ter uma 
				idéia da extensão do dano causado, pescadores da cidade de 
				Rincão, situada ha mais de 80 Km abaixo do local do acidente, também 
				presenciaram o desespero dos peixes quando a mancha escura 
				contendo os resíduos chegou ao local. Em todo 
				esse percurso, outros milhares de peixes morreram devido à 
				poluição causada pelo rompimento do tanque da Usina Santa Rita. 
				PESCADORES - O 
				sentimento de revolta e inconformismo com o acidente tomou conta 
				dos pescadores que frequentam o rio Mogi-Guaçu. Segundo 
				Claudinei Corte, pescador esportivo da cidade de Cordeirópolis, 
				a tragédia ambiental ocorrida nesta sexta-feira poderia ser 
				evitada, uma vez que os tanques de armazenamento já apresentavam 
				indícios de que o rompimento iria acontecer. Segundo ele, ao 
				passar pelo local ha cerca de 40 dias, ele já havia notado que 
				os tanques estavam completamente cheios, 
				indicando que uma tragédia como estas poderia ocorrer. Ainda 
				segundo Claudinei, ele teria vindo a Descalvado neste sábado 
				justamente para pescar, pois essa região banhada pelo rio Mogi 
				seria uma das poucas áreas remanescentes do rio onde ainda 
				restava um bom número de peixes. Ele acredita que com o acidente 
				desta sexta-feira, o rio provavelmente esteja condenado. 
				Já o pescador 
				profissional, Luis Carlos Pitanguy, que tira todo o sustento da 
				família do Rio Mogi-Guaçu, disse à nossa reportagem que ele foi 
				um dos primeiros a registrar o acidente. Segundo Pitanguy, ele 
				jamais se esquecerá da cena que presenciou no começo da noite 
				desta sexta-feira: "Era uma situação comovente ver os peixes 
				implorando para sobreviver, tentando desesperadamente respirar fora 
				da água" A quantidade de peixes saltando para fora do rio era 
				muito grande!" contou o pescador. 
				Pitanguy 
				acredita que a melhor forma da Usina Santa Rita reparar o 
				enorme dano causado ao meio ambiente, não será através da 
				aplicação de uma multa. O pescador disse que o melhor a se 
				fazer era as autoridades exigirem que a empresa repovoasse toda 
				a fauna destruída pelo acidente, e mesmo assim, talvez não seja 
				o suficiente para restabelecer o que foi perdido na noite do dia 
				4 de outubro. 
				Visivelmente 
				abalado, Pitanguy disse que reside na região desde quando era criança, 
				e que sem dúvida essa é a maior tragédia que ele já presenciou 
				no Rio Mogi durante toda a sua vida. Ele termina seu relato 
				afirmando que o sofrimento causado ao ver milhares de peixes 
				mortos, só pode ser comparado à perda de um membro da sua 
				família. 
   |