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A economia brasileira teve dois trimestres seguidos de Produto
Interno Bruto (PIB) negativo, de acordo com dados divulgados na última sexta-feira
(29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa
que o país produziu menos riquezas no período, em comparação com anteriores. No
"economês", esse fenômeno é chamado de recessão técnica.
Na prática, isso
serve como um sinal de alerta, explica o professor do
departamento de economia da PUC-SP, Claudemir Galvani.
Observa-se as quedas no PIB, que indicam que algo não vai bem,
mas ainda não há muitos reflexos diretos na economia.
É diferente da
recessão de fato, quando a situação do país está se deteriorando
significativamente, e há alta do desemprego e dos índices de
falência, queda da produção e do consumo. |
O argumento é semelhante ao adotado pelo ministro da Fazenda,
Guido Mantega, ao comentar o PIB do segundo trimestre, nesta
sexta. "Para mim [a recessão] é uma parada prolongada, como nos
países europeus, que ficaram vários trimestres consecutivos com
o PIB parado", afirmou. "Aqui (no Brasil) estamos falando de
dois trimestres, e sabemos que a economia está em movimento.
Recessão é quando tem desemprego aumentando e a renda caindo,
aqui temos o contrário."
Segundo o IBGE, na
recessão técnica é considerada a possibilidade de recuperação no
curto prazo. O instituto entende que houve estabilidade na
economia no primeiro trimestre, que teve o PIB revisado para
-0,2%. "A gente considera crescimento quando o número é de 0,5%
para cima e queda quando é de 0,5% para baixo", explica Rebeca
de La Rocque Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais
do IBGE. No segundo trimestre, o valor ficou em -0,6%.
"A partir do
terceiro trimestre consecutivo com PIB negativo, o país já pode
estar em recessão real, porque é muito tempo sem crescimento e
passa a ter reflexos no consumo, emprego etc", explica Galvani.
Na contramão do
análise do ministro Guido Mantega, o professor de economia da
Universidade São Paulo (USP) Simão Silber considera que o Brasil
já está, sim, em recessão. "O país vem de uma desaceleração
muito grande. O desempenho da economia está desmanchando, a
indústria está desmoronando. Para mim não seria surpresa uma
estagnação econômica em 2014", afirma.
RESULTADOS
- Os principais impactos no PIB entre abril e junho vieram do
recuo nos investimentos (5,3%) e na indústria (1,5%). Segundo
alguns analistas, a Copa e a crise na indústria foram decisivos
para o resultado. "A principal
causa foi a queda dos investimentos. Já tem algum tempo que eles
estão caindo, mas a queda foi forte nesse trimestre", analisa
Rebeca de La Rocque Palis, gerente da Coordenação de Contas
Nacionais do IBGE.
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*Com
informações do G1/Economia / Google Imagens
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