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Três patrimônios históricos,
uma casa em Descalvado, outra em São Carlos e um prédio em Vargem Grande
do Sul, foram destruídos e geraram indignação entre os moradores. Um
fazenda centenária em Araraquara também
está sendo demolida e corre o risco de ficar apenas na lembrança da população.
Historiadores cobram mais incentivos do poder público para que os donos
preservem os locais. No
dia 14 de fevereiro, mais de 100 anos de história foram
derrubados em Vargem Grande do Sul. A antiga Estação
Ferroviária, que pertencia à companhia |
Mogiana, foi
comprada em um leilão de imóveis e pertence a um empresário da
cidade. O prédio não era tombado pelo patrimônio histórico. “A
gente fica triste porque é patrimônio da cidade, tinha que
arrumar e não derrubar”, contou o servente de pedreiro Marcus
Urbano da Silva.
Para a estudante de
arquitetura Yara da Fonseca, que está pesquisando a história do
prédio, existia outras opções. “Eu vou fazer um projeto ainda
para mostrar para a cidade o que seria esse lugar se não
tivessem demolido”, relatou.
SEM AUTORIZAÇÃO
- Em São Carlos, um antigo casarão do centro da cidade foi
derrubado no fim de janeiro, mesmo sendo tombado pelo patrimônio
histórico. O proprietário até chegou a pedir permissão para
derrubar a casa, mas teve a solicitação negada. “Ele havia
enviado um parecer alegando que o prédio estava em condições não
muito boas, com a estrutura comprometida. Nós constatamos que
não havia nem um problema estrutural, havia algumas trincas, mas
não comprometiam o edifício”, explicou o arquiteto da Fundação
Pró-Memória Rodrigo Peronti Santiago.
Os
diretores da Pró-Memória aplicaram uma multa de R$ 50
mil ao proprietário e levaram o caso para o Ministério
Público. “Esperamos que ele seja punido devidamente para
que não haja outros casos semelhantes”, disse a diretora
da fundação, Cláudia Danella.
O dono do
antigo casarão do centro de São Carlos disse que o
prédio estava em péssimo estado e que a intenção era
derrubar apenas a parte de trás e manter a fachada.
Contudo, segundo ele, os pedreiros erraram e causaram
danos irreversíveis, sendo necessário derrubar tudo. |
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DESCALVADO
- Em março de 2013, um casarão localizado na esquina da
Avenida Guerino Oswaldo com a Rua Dr. Amâncio Penteado
também foi demolido. O imóvel tratava-se de um belo e
raro exemplar do período do Brasil Imperial, mas que não
conseguiu sobreviver e veio abaixo. A construção típica
do século 19 passou por vários proprietários, entre eles
Paulo Casati que foi prefeito da cidade.
COLÔNIA
- A fazenda centenária Periquito, em Araraquara, é mais
um exemplo do descaso. A colônia tem mais de 600
hectares e está prestes a desaparecer. Uma usina comprou
a propriedade e, de acordo com os moradores, todas as
casas vão ser destruídas. |
O tratorista
Isauro Sabino de Sousa viveu 36 anos na fazenda. Ele viu os
filhos crescerem no local e agora se prepara para o momento da
despedida. “Dá uma dor no coração ver se acabando”, comentou.
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A
capela da fazenda foi um das primeiras construções e
estima-se que tenha mais de 100 anos. A catequista
Silvia Mara Caetano Motta cuida do local e está
preocupada. “Já participei da Capela Monte Verde como
catequista e hoje não existe mais. Aqui pelo jeito será
a mesma coisa será derrubada”, lamentou.
A
assessoria da Prefeitura de Araraquara informou que não
existe nenhum pedido de tombamento da Fazenda Periquito,
mas qualquer pessoa pode entrar com esse pedido. |
INCENTIVOS
- O historiador Rogério Tampelini acredita que faltam incentivos
para evitar essas situações. “Quando se fala em monumento
histórico não tem mais o que fazer depois que foi destruído,
então nos temos que lutar para preservar e levar a questão para
a sociedade, para criar mecanismos e incentivos para os
proprietários e empresários preservarem esses espaços privados.
Mas o poder público tem que dar o exemplo”, explicou.
*Com
informações e fotos do G1/São Carlos
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