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			Depois de pedalar por 
			vários estados brasileiros nos últimos dez anos, o paranaense 
			Antônio Elias Marchetti chegou à região central de São Paulo. De 
			passagem por Ribeirão Bonito com destino à Araraquara, o aventureiro 
			de 47 anos falou um pouco sobre a sua jornada. A viagem solitária 
			tem um significado especial: o ciclista sonha em reencontrar os seis 
			irmãos, pois acredita que eles vivam em cidades próximas. 
			
			Natural de Jaguapitã 
			(PR), Marchetti disse que não tem notícias da família há mais de 30 
			anos. Ele contou que foi criado em um orfanato, mas não soube 
			explicar o motivo. Desde então, perdeu o contato com os pais e ficou 
			sozinho.  | 
			
			
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			O ciclista explicou que os irmãos, quatro mulheres e dois homens, 
			saíram do Paraná e seguiram para cidades do interior de São Paulo. 
			
			Marchetti sabe o nome 
			completo dos familiares. Quando chega a uma cidade, procura jornais 
			e emissoras de rádio interessados em ouvir a história dele e faz o 
			apelo. “Eu tenho fé e fiz promessa para Nossa Senhora Aparecida. Só 
			tiro a barba quando alcançar essa graça. Feito isso, vou em busca do 
			meu segundo grande sonho que é pedalar pelo mundo”, disse. 
			
			TRAJETÓRIA 
			- Nômade, o paranaense caiu na estrada cerca de 15 anos atrás. 
			Andarilho, ele foi para Curitiba e de lá decidiu desbravar outros 
			territórios. Conseguiu uma bicicleta e começou a pedalar sem rumo. 
			Passou por cidades do Amazonas, Pará, Pernambuco, Rio Grande do 
			Norte, Alagoas, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, entre outras 
			regiões. Ele também afirma ter viajado por alguns países de América 
			do Sul. 
			
			A vida sobre duas rodas 
			não é nada fácil, mas Marchetti disse ter se acostumado. Para 
			prosseguir, conta com a ajuda das pessoas nos lugares onde chega. 
			“Um paga o almoço, outro a jantar, alguém paga uma pousada simples e 
			quando não dá durmo em posto de combustíveis mesmo”, relatou. 
			
			Apesar da rotina 
			incerta, o ciclista disse que ainda sofreu acidente na estrada e que 
			nunca foi vítima de assalto. “Apenas uma vez furtaram meu celular, 
			quando recarregava, mas já tenho outro. Fora isso, não tive 
			problemas, Deus me protege”, afirmou. 
			
			A manutenção da 
			bicicleta preocupa o ciclista, que já teve mais de 20 modelos desde 
			que começou a viajar. A mais atual, uma chopper importada, disse ter 
			conseguido quando passou pela Venezuela. A bike de 21 marchas é 
			equipada com dois retrovisores, lanternas, buzina, garrafas para 
			água e um pneu extra. “Dá trabalho manter porque sempre fura. Aí é 
			pedal que não aguenta, freio que estoura, catraca que quebra”, 
			relatou o paranaense. 
			
			VAI E VEM 
			- Marchetti disse que geralmente fica uma semana nas cidades em que 
			decide parar. Com a ajuda de um mapa, escolhe o destino 
			aleatóriamente e vai. Quando está na estrada, disse que pedala até 
			100 quilômetros em um único dia. “Já andei 165 km em 9h, mas não 
			faço mais isso devido ao desgaste físico. E outra, não é todo dia 
			que tenho uma boa refeição para aguentar”, contou. 
			
			Solteiro, o ciclista 
			nunca se casou e disse não ter filhos. Acredita que a vida é feita 
			de escolhas e sente que está no caminho certo depois que deixou o 
			orfanato. “Sou solitário, mas me sinto feliz porque adoro ser 
			aventureiro. Todos têm sonhos e o meu é encontrar meus familiares e 
			depois conhecer o resto do mundo”. 
			
			
			*Fonte: G1/São Carlos / Texto e foto de Fábio Rodrigues 
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