O marido, Jaílson Alves das Neves, comentou o caso e diz não sentir 
			ódio dos suspeitos. “Vou chorar. Não vou aguentar. Para mim a ficha 
			não caiu. Apesar da brutalidade, não guardo ódio, não guardo esse 
			sentimento ruim no coração. Espero que não aconteça com mais 
			famílias. Essas pessoas que agrediram ela e as que assistiram não 
			tiveram a coragem de salvar uma pessoa inocente, não deram nem tempo 
			de defesa para minha esposa. Quero que eles reflitam e que isso não 
			aconteça nunca com a família deles”, explica.
			O marido espera que os 
			envolvidos sejam punidos. “Que prendam os acusados. Que esse site 
			que postou essa mentira não faça mais essas coisas e também seja 
			punido. Minha filha não teve condições de vir ao enterro. Ela está 
			abalada e quer lembrar apenas do sorriso da mãe”, comenta. 
			Um novo vídeo sobre 
			o caso foi divulgado na manhã desta terça-feira (6). Nas imagens, 
			registradas por um cinegrafista amador, a dona de casa aparece 
			tentando pronunciar algumas palavras, na tentativa de impedir que as 
			agressões continuem. Um homem aparece interrogando Fabiane no vídeo. 
			“Nós temos conhecimentos desse vídeo, que foi levado para o 
			delegado, e está anexado nas investigações. Não conseguimos 
			identificar o que ela fala, porque a Fabiane estava muito ferida. 
			Foi uma barbaridade o que aconteceu”, diz o advogado da família da 
			vítima, Airton Sinto. 
			
			
			Internautas revoltados com página 
			- O administrador da página do Facebook responsável por postar o 
			retrato falado de uma mulher suspeita de sequestrar crianças no 
			litoral de São Paulo será ouvido nesta terça-feira (6) pela Polícia 
			Civil. Após a publicação da foto na página ‘Guarujá Alerta’, alguns 
			moradores de uma comunidade do município agrediram a dona de casa. 
			Dezenas de usuários da rede social criticaram duramente o 
			administrador da página e um deles chegou a dizer que a página seria 
			tão culpada quanto os agressores. 
			
			  
			Em uma postagem 
			feita no fim da tarde desta segunda-feira, o dono da página afirma 
			que está colaborando com as investigações e que não irá se 
			pronunciar a respeito do caso para não atrapalhar o trabalho da 
			polícia. Em alguns comentários, os usuários condenaram a publicação 
			do retrato falado, mesmo sabendo que se tratava apenas de um boato. 
			De acordo com 
			informações do delegado Luiz Ricardo Lara, que está à frente do 
			caso, ainda é cedo para apontar a responsabilidade do administrador 
			da página Guarujá Alerta. “Caso, durante a instrução do inquérito 
			policial, seja vislumbrado que, de alguma forma, ele colaborou com o 
			crime, na medida em que propalou esses boatos, enfim, que praticou 
			uma infração penal, ele será responsabilizado por aquele ato”, 
			afirma. 
			
			
			Advogado 
			- O advogado ressalta que a polícia continua investigando o crime, 
			mas que o seu próximo passo será pedir a prisão temporária do 
			administrador da página ‘Guarujá Alerta’. Para Airton, algumas 
			pessoas teriam visto, nesta página do Facebook, o retrato falado de 
			uma mulher que estaria sequestrando crianças para rituais de magia 
			negra em Guarujá e pensaram que se tratava de Fabiane. “Parece-me 
			que hoje o administrador do site vai depor na delegacia. Mas, 
			independentemente do que vai ser dito por ele para a polícia, eu vou 
			pedir a sua prisão temporária”, afirma. 
			
				
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					Confusão 
					- O retrato falado atribuído a Fabiane Maria de Jesus, 
					linchada por moradores do Guarujá após boatos na internet, 
					havia sido feito por policiais da 21ª DP (em Bonsucesso, Rio 
					de Janeiro), em agosto de 2012. Na ocasião, uma mulher foi 
					acusada de tentar roubar um bebê do colo da mãe em uma rua 
					de Ramos, na zona norte do Rio. 
					Imagens de 
					câmeras de segurança divulgadas na época mostraram a mãe, 
					Daniela Mendes, passando com a filha de 15 dias no colo e 
					sendo seguida pela suspeita. A vítima estava levando o bebê 
					para fazer o teste do pezinho em um posto de saúde. Ao sair 
					da unidade, foi surpreendida pela mulher.  | 
					
					 
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			*Com informações do G1/Santos - Foto: 
			Anna Gabriela Ribeiro 
			
			
			EDITORIAL: O PSEUDO JORNALISMO 
			O triste episódio 
			ocorrido no último final de semana no Guarujá, reacende a polêmica 
			dos pseudo-jornalistas. Com com o advento e a popularização da 
			internet e das redes sociais, alguns desses aspirantes a jornalistas 
			vêm assassinando a nossa língua portuguesa, apropriando-se de 
			conteúdo alheio ou simplesmente 'copiando e colando' textos à 
			revelia dos seus verdadeiros autores. 
			 
			Infelizmente, a baixíssima qualidade do ensino no Brasil, têm 
			contribuído cada vez mais para que as novas gerações sequer tenham 
			acesso à um aprendizado mínimo e que possa contribuir para o 
			desenvolvimento do seu próprio intelecto. Em síntese, nos dias 
			atuais o indivíduo acabada tendo pouco (ou nenhum) contato com 
			conteúdos literários ou aprende algo sobre noções básicas de 
			interpretações de textos, redação, narração ou percepção, por 
			exemplo. Essa deficiência PROPOSITAL na formação do intelecto dos 
			indivíduos, contribui para a baixa qualidade nas diversas 
			reportagens e matérias jornalísticas publicadas nos últimos anos, e 
			principalmente, tornando o leitor um crédulo em tudo aquilo que lê. 
			 
			O caso ocorrido no Guarujá caracteriza exatamente este cenário de 
			descomprometimento com o profissionalismo, com a ética e com a 
			verdade - tripé que deveria sustentar o jornalismo em todo o mundo. 
			Em entrevista ao jornal 'O Estado de São Paulo', o veterano 
			jornalista americano Bill Kovach - ganhador, com sua equipe no 
			Atlanta Journal-Constitution de dois prêmios Pullitzer nos anos 1980 
			e cujo livro Elementos de Jornalismo (em parceria com Tom Rosenstiel) 
			tornou-se um clássico nas escolas americanas -, explica que o mundo 
			tem hoje informação demais, e o público não tem tempo nem meios de 
			descobrir o que é melhor nem o que é verdade. Diante disso, a missão 
			do jornalista é saber "filtrar e agregar" essa avalanche de dados 
			para os cidadãos. Filtrar é conhecer as fontes, saber avaliá-las, 
			transmitir ao leitor os próprios limites de sua checagem. 
			 
			Quando esteve no Brasil em 2012, Kovach disse estar convencido de 
			que a internet muda os meios, mas não o conteúdo da informação. Na 
			entrevista concedida ao Estadão, o americano deu um conselho ao 
			leitor assoberbado com tanta notícia: acostume-se a praticar o 
			ceticismo. "O cidadão deve perguntar sempre como o jornalista soube 
			e como verificou a informação. Se não se convencer, mantenha o 
			ceticismo até que as provas lhe permitam aceitá-la como válida" 
			disse ele. 
			 
			Perguntado sobre como o cidadão que possui um contato direto com a 
			internet pode se defender de textos anônimos no qual constantemente 
			se depara, além das dificuldades de se verificar as fontes, Bill 
			Kovach disse: "O modo de lidar com isso é o mesmo que o jornalista 
			sempre adotou ao deixar claro a seu público qual informação foi 
			checada e qual não foi. Cabe ao jornalista ajudar o público a 
			entender como determinar, por conta própria, se a notícia é 
			confiável. Qual foi a fonte da informação? Foi checada? E de que 
			modo foi checada? indagou o americano. 
			 
			Talvez a esperança de uma mudança possa partir justamente dos 
			internautas, que agora ao se depararem com o trágico desfecho ocorrido 
			na cidade do litoral paulista, comecem ter uma melhor e mais 
			cautelosa percepção daquilo que anda lendo ou postando nos sites, blog's ou nas redes sociais. 
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