"Sabemos que o Brasil sinalizou que não concorda com o que está
aí, e sabemos que uma boa parte do Brasil, desde 2010, vem dando
sustentação a uma mudança que seja qualificada" disse ela.
Questionada se apoiaria Aécio ou ficaria neutra no segundo
turno, disse: "A postura que eu tive quando não foi aceito
registro da Rede pode ser uma tendência. Eu assumi um
compromisso com a mudança indo apoiar o Eduardo Campos (...) O
Brasil sinalizou que não concorda com esse projeto, que quer uma
mudança qualificada, temos uma clareza do que representamos. Nós
vamos fazer essa discussão, os partidos individualmente e depois
vamos dialogar, mas estatisticamente a sociedade mostra isso,
não há de tergiversar com o sentimento de 60% dos eleitores"
discursou Marina. “Não estou aqui como derrotada”.
Marina lembrou o candidato morto Eduardo Campos, e disse
continuar 'de pé': "Não estou aqui como derrotada, mas como
alguém que continua de pé porque não teve que abrir mão de seus
princípios para ganhar uma eleição", completou.
O possível apoio ao tucano não implica necessariamente em
alinhamento do PSB. Até porque, dentro do partido, é dado como
certo que Marina deixará a legenda para retomar o projeto de
fundar a Rede Sustentabilidade.
O presidente do PSB, Roberto Amaral, afirmou que o balanço das
eleições deste ano para o partido é “positivo, apesar da derrota
de Marina”. Ele inicia hoje uma consulta aos dirigentes do
partido para decidir o apoio no segundo turno e disse que Marina
também será ouvida: "Nossa idéia é manter o projeto e tentar
manter a aliança, a Rede vai tentar se organizar. A Rede é a
Rede e o PSB é o PSB e nós respeitamos, mas fizemos um apelo
para que essa decisão, na medida do possível, seja da aliança"
disse Amaral.
Há, no entanto, quem não acredite no apoio de Marina a Aécio. O
coordenador do comitê financeiro do PSB, Bazileu Margarido,
ironizou a tal possibilidade: "Não sei se o Aécio vai querer.
Ele não disse na propaganda que a Marina e a Dilma são a mesma
coisa?" indagou Margarido.
Vice-governador eleito de São Paulo, Márcio França (PSB)
defendeu o apoio a Aécio: "No que depender de nós, faremos o
esforço para que o Brasil faça sua mudança. Nosso partido vai se
reunir, é claro, mas, se depender da gente, nossa posição será
pró-Aécio. Sei que o se o Eduardo estivesse aqui, essa seria a
posição dele" explanou França.
O PSB pode ter alguns diretórios optando por Aécio e outros, por
Dilma. Com a morte de Campos, o PSB não possui uma liderança
capaz de unir a sigla. A adesão da legenda à petista ou ao
tucano passa pelas realidades eleitorais locais. Presidente do
PSB de São Paulo, França foi eleito vice de Alckmin, e não teria
como se juntar a Dilma. Já o presidente do partido, Roberto
Amaral, foi ministro do ex-presidente Lula e mantém boas
relações com os petistas.
As negociações internas para definir uma caminho no segundo
turno tem como complicador o fato de a eleição para definir o
comando da legenda estar marcada para segunda-feira da próxima
semana. Amaral conseguiu pacificar um consenso em torno de seu
nome. Mas o acordo foi fechado quando o cenário indicava Marina
no segundo turno. Um racha interno por causa do apoio a Dilma ou
Aécio pode ter reflexos na disputa.
A grande questão é o caminho que irá tomar o PSB de Pernambuco,
estado de Campos, que elegeu um governador no primeiro turno. O
diretório estadual deve ganhar força e influenciará no rumo que
a legenda irá tomar nas questões nacionais.
O PPS, segundo maior partido da aliança, vai anunciar amanhã
apoio a Aécio. A executiva da legenda fará uma reunião para
referendar o apoio.
*Fonte: O Globo
- Foto: Fernando Donasci (AOG)
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