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				Sede do Banco 
				Central do Brasil, em Brasília  | 
				
				Em sua primeira reunião após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o Comitê 
de Política Monetária (Copom) surpreendeu ao elevar a taxa básica de juros da 
economia brasileira de 11% para 11,25% ao ano. Foi a primeira elevação desde 
abril deste ano, o que levou a taxa de juros ao maior patamar desde o fim de 
2011. A decisão 
				surpreendeu a maior parte dos economistas do mercado financeiro, 
				que apostavam maciçamente em nova manutenção da taxa básica da 
				economia em 11% ao ano. A decisão acontece em um momento de 
				fraca atividade econômica, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) 
				registrado retração no primeiro e segundo trimestres deste ano – 
				o que configura recessão técnica – embora a inflação em doze 
				meses até setembro tenha somado 6,75%, acima do teto de 6,5% do 
				sistema de metas brasileiro. 
				O próprio Banco 
				Central havia sinalizado, na ata da última reunião, ocorrida em 
				setembro, que os juros não deveriam ser reduzidos, mas não havia 
				deixado claro que a taxa poderia ser elevada. Na ocasião, 
				informou que seria plausível afirmar que, levando em conta 
				estratégia de não redução do instrumento de política monetária 
				(juro), a inflação tenderia a entrar em trajetória de 
				convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de 
				projeção (2016).  | 
			
			
				
				 
				Segundo analistas, vários fatores que influenciam a inflação se 
				contrapõem neste momento. O baixo nível de atividade e a queda 
				dos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação 
				internacional) atuam para conter a inflação, ao mesmo tempo em 
				que a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, 
				água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros), 
				continuam pressionando os preços. Além disso, a inflação de 
				serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue 
				elevada.DECISÃO NÃO FOI UNÂNIME - A decisão do Copom, entretanto, não foi unânime. 
Votaram pela elevação da taxa Selic o presidente da instituição, Alexandre 
Tombini, além dos diretores Aldo Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos 
Hamilton e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 11% 
ao ano os seguintes integrantes do Comitê: Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da 
Silva e Luiz Edson Feltrim. 
				Ao fim do 
				encontro, foi divulgada a seguinte explicação: "Para o Comitê, 
				desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação 
				dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de 
				riscos para a inflação menos favorável. À vista disso, o Comitê 
				considerou oportuno ajustar as condições monetárias de modo a 
				garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais 
				benigno para a inflação em 2015 e 2016". 
				
				METAS DE INFLAÇÃO 
				- Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia 
				brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos 
				pré-determinados. Para 2014, 2015 e 2016, a meta central de 
				inflação é de 4,5%, mas o IPCA, que serve de referência para o 
				sistema brasileiro, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a 
				meta seja formalmente descumprida. 
				No fim de 
				setembro, o Banco Central estimou, por meio do relatório de 
				inflação, um IPCA de 6,3% para este ano e de 5,8% a 6,1% para 
				2015, ou seja, valor ainda distante da meta central de 4,5% para 
				ambos os anos. Segundo a autoridade monetária informou naquele 
				momento, a inflação começará a convergir mais fortemente para a 
				meta central somente em 2016. 
				Em doze meses 
				até setembro, o IPCA somou 6,75% - acima do teto de 6,5% do 
				sistema de metas brasileiro. Entretanto, o governo considera que 
				a meta foi cumprida ou não apenas com base no acumulado em 12 
				meses até dezembro de cada ano. 
				
				POLÍTICA ECONÔMICA 
				- A política econômica foi alvo de ataques da oposição durante a 
				campanha presidencial deste ano. O baixo crescimento da economia 
				brasileira, assim como o fato de a inflação estar oscilando ao 
				redor de 6% nos últimos anos, foi atacada pelo candidato do 
				PSDB, Aécio Neves. 
				De acordo com 
				Silvio Campos Neto, economista-sênior da Tendências Consultoria, 
				houve "perda de credibilidade" do BC, uma vez que a inflação 
				oscilou ao redor de 6% nos últimos anos e meses, mais próxima do 
				teto do sistema de metas, do que do objetivo central de 4,5%. 
				Para ele, a instituição teria de promover um aumento muito 
				grande da taxa neste momento para tentar retomar a confiança. 
				"A politica 
				macroeconômica está muito desajustada, especialmente o lado 
				fiscal [gastos públicos] nos últimos anos. Isso dificulta ainda 
				mais o lado da política monetária [definição dos juros]. É 
				importante recolocar a parte macroeconômica em ordem, com uma 
				política mais consistente fiscal e monetária, e mostrar como 
				lidar com o câmbio, zerando o jogo, e passar para a sociedade 
				quais são os objetivos", avaliou o economista da Tendências, 
				antes da reunião do Copom. 
				*Fonte: 
				G1/Economia 
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