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Uma peça se soltou do helicóptero que levava o filho do governador Geraldo
Alckmin antes de ele cair em Carapicuíba, Grande São Paulo, na quinta-feira (2),
matando cinco pessoas, incluindo Thomaz. A constatação é do perito Ricardo
Molina, que analisou nesta sexta-feira (3) o vídeo que registrou a queda da
aeronave. “Após analisar o vídeo quadro a quadro, posso dizer que uma peça se
solta do helicóptero antes da queda”, disse Molina. Segundo ele,
tudo indica que ela seja uma das pás do rotor do helicóptero,
conjunto que popularmente é conhecido como hélice.
A Seripatri,
empresa que é a proprietária do helicóptero, e a Helipark,
responsável por sua manutenção, não responderam se a aeronave
estava com problema em uma das pás. A |
peça havia sido trocada
antes do voo. Apesar disso, as causas do acidente ainda são
desconhecidas e estão sendo apuradas oficialmente pela
Aeronáutica e pela Polícia Civil.
Na opinião de Molina, que analisou a gravação da câmera de segurança, o
desprendimento da peça pode ter causado o acidente. "Uma aeronave perde
estabilidade sem uma das pás", afirmou. "Nas imagens, é possível ver que
o helicóptero caiu e cinco segundo depois surge uma peça. Ela toma uma
trajetória diferente, indo à direita, como que planando, igual a pá
solta", completou Molina.
Vizinhos do condomínio onde
a aeronave caiu atingindo ao menos dois imóveis, confirmaram ter visto
uma das pás se soltar antes do helicóptero despencar. A peça teria sido
localizada a cerca de 1 quilômetro de distância da cabine.
Em fóruns especializados
em aviação, pilotos repercutiram o acidente e relataram que a aeronave
fazia um voo teste de balanceamento após a troca de uma pá do rotor
principal.
ESPECIALISTA EM
SEGURANÇA - O
especialista em segurança Ricardo Chilelli também viu as imagens e
afirmou não ter dúvidas de que a peça que aparece caindo no vídeo depois
da aeronave tocar o solo é do helicóptero. "Que a peça que cai é da
aeronave não há dúvida alguma. A gente não pega o que aconteceu com a
aeronave acima do limite da câmera", disse Chilelli, que é piloto
privado, engenheiro aeronáutico e sócio proprietário da RCI
First-Security and Inligente Advicing, empresa de segurança no voo nos
Estados Unidos.
"A peça já devia estar
vibrando muito e abaixando a aeronave devido ao problema. Ela se
desprende antes da queda da aeronave. Dá para praticamente bater o
martelo que é a pá porque vai para um ângulo contrário ao da queda",
disse.
"Tanto é que se
perceberem, a aeronave cai com quatro pás e não cinco porque a quinta se
desprendeu e tomou outra trajetória".
ANÁLISE
DO PERITO - O
perito Ricardo Molina fez sete observações preliminares a respeito da
imagem:
1) “O helicóptero cai
sem controle ou sustentação e embica na parte final da queda, mostrando
que o sistema de pás está com problemas. Helicópteros se auto sustentam
se o conjunto de pás está íntegro, mesmo sem motor;”
2) “É praticamente certo que uma ou mais pás se soltaram;”
3) “O objeto que aparece após o impacto do helicóptero com o solo demora
cerca de 5 segundos para aparecer de cima para baixo nas imagens, ou
seja, esse objeto cai com uma velocidade bem menor do que a do
helicóptero. Esse comportamento seria compatível com uma pá solta, que é
relativamente leve e, por seu formato necessariamente aerodinâmico, pode
efetuar rotações que retardem sua queda;”
4) “O objeto desaparece por alguns segundos e surge depois. A explicação
provável (se não houve algum problema no vídeo) é que o objeto
(provavelmente a pá) entrou momentaneamente em uma formação de nuvem e
só reapareceu mais à frente;”
5) “Observe-se que o objeto (provavelmente uma pá) desloca-se para o
chão, mas em diagonal, o que, novamente, indicaria um objeto
relativamente leve e/ou com tal formato que permitisse rotações e
retardamento da queda conjugada com um efeito de quase planagem;”
6) “O fato de o objeto parecer maior do que uma simples pá nas imagens
deve-se certamente ao efeito de rotação (ainda que essa rotação seja
caótica e não regular). Como a captação de frames no vídeo é baixa, um
objeto comprido pode aparecer como uma mancha, especialmente à grande
distância;”
7) “Diante de tudo é altamente provável que a causa do acidente tenha
sido mesmo o desprendimento de uma (ou mais) pá(s).”
INVESTIGAÇÃO
- A Aeronáutica informou, por meio da assessoria de imprensa, que está apurando o
caso para divulgar as informações sobre o acidente. A aeronave estava com a
Inspeção Anual de Manutenção (IAM) em dia e com o Certificado de
Aeronavegabilidade (CA) válido. A aeronave da marca Eurocopter, modelo EC 155,
tinha prefixo PPLLS, e matrícula PPLLS. Fabricado na França, o helicóptero tinha
pouco mais de 4 anos de uso e estava com aproximadamente 600 horas de
voo.
VÍTIMAS DO
ACIDENTE - O corpo de Thomaz
Rodrigues Alckmin, filho caçula do governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi
sepultado por volta das 19h05 desta sexta-feira (3) no cemitério municipal de Pindamonhangaba,
na região do vale do Paraíba. Geraldo, Lu Alckmin e os dois irmãos de Thomaz estiveram
o tempo todo próximos ao caixão e deixaram o local em uma van logo após o
enterro. A cerimônia foi
acompanhada por parentes, amigos de Thomaz e da família e cerca
de 1.500 moradores da cidade natal do governador, segundo
estimativa da Polícia Militar. Também acompanharam o enterro |
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autoridades
como o senador José Serra (PSDB), o secretário de Segurança
Pública estadual Alexandre de Moraes e os deputados federais
Eduardo Cury (PSDB) e Paulo Maluf (PP). Sob comoção, os
presentes fizeram uma rápida oração antes do enterro, que foi
seguido de uma salva de palmas. |
Além do caçula de Alckmin, morreram: Carlos Haroldo Isquerdo Gonçalves (53 anos,
piloto do helicóptero e funcionário da Seripatri), Paulo Henrique Moraes (42
anos, mecânico e funcionário da Seripatri) Erick Martinho (36 anos, mecânico da
empresa Helipark) e Leandro Souza (34 anos e mecânico da Helipark).
*Com informações do
G1/São Paulo
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