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				o Vice-Presidente 
				da República Michel Temer), Castro não foi capaz de manter o 
				seu texto original e acabou cedendo em alguns pontos. 
				O processo no qual 
				vem sendo tratada a reforma política não é novo. O conjunto de 
				propostas que visa alterar e melhorar o sistema eleitoral do 
				Brasil vem sendo discutido ha mais de 20 anos. Com cobranças 
				mais incisivas por parte da população brasileira - que desde 
				2013 tem saído às ruas e exigindo mudanças na 
				política do país -, a Comissão que analisa o assunto retomou os 
				trabalhos no início deste ano, e liderada pelo PMDB avançou na 
				elaboração de um relatório que finalmente será 
				apresentado. 
				Der acordo com o 
				Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), 
				mesmo que o relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 
				não passe pela Comissão, o texto deverá ser encaminhado para o 
				Plenário da Câmara para ser votado em dois turnos. Cunha diz que 
				deve lutar para que a primeira votação aconteça ainda no mês de 
				maio. 
				Para ser aprovada, 
				serão necessários pelo menos 308 votos (3/5 dos deputados) em 
				cada uma das votações. Depois, a PEC segue para o Senado onde 
				será discutida na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, em 
				seguida, passará por mais duas votações no plenário. Se o Senado 
				aprovar o texto da Câmara, a emenda é promulgada pelas duas 
				Casas. Se o texto sofrer mudança, volta para a Câmara. 
  
					
						| PROPOSTAS 
				- Entre as principais propostas discutidas no relatório estão o 
				fim da reeleição para os cargos do Executivo (prefeitos, 
				governadores e presidente da república), estabelecendo para isso 
				um mandato único de 5 anos para todos os eleitos, inclusive 
				vereadores, deputados e senadores. Prevendo alterações na 
				proposta de um mandato de 5 anos para o cargo de Senador, Castro 
				chegou a alterar este tempo para 10 anos, mas voltou atrás na 
				sexta-feira e manteve a proposta única de 5 anos para todos os 
						cargos. 
						Duas 
				propostas que geraram muita polêmica se deram em torno da unificação das eleições e 
						do voto "distritão", na qual propõe que serão eleitos os candidatos mais votados 
				em estados e municípios, independentemente do partido de 
				filiação.  | 
						
						 
						  
						
						Relatório do Deputado Marcelo Castro propõe mandato de 
						seis anos para o próximo prefeito e acaba com a 
						reeleição  | 
					 
				 
				
				Para a unificação 
				das eleições e dos mandatos, foram analisadas três propostas: a 
				primeira delas prorrogaria o atual mandato dos prefeitos e 
				vereadores por mais 2 anos, coincidindo assim com eleição de 
				Governador, Deputados e Presidente da República em 2018. Mesmo 
				com a pressão de prefeitos de todo o Brasil, a proposta não 
				ganhou força e adesão de deputados e senadores, que alegaram terem 
				pouco tempo para discuti-la. 
				A segunda proposta 
				foi a de um mandato tampão, de apenas 2 anos, para prefeitos e 
				vereadores. O eleitor iria às urnas em 2016 para escolher seus 
				candidatos que ficariam no cargo até o final de 2018, quando 
				então ocorresse uma nova eleição junto com os demais cargos 
				eletivos. Apesar de alguns partidos (principalmente aqueles de 
				menor representação) defenderem a idéia, a proposta acabou 
				descartada por ser considerada econômica e politicamente 
				inviável. 
				Assim, o relatório 
				que será apresentado na próxima terça-feira altera para 6 anos o 
				próximo mandato de prefeitos e vereadores, permitindo que em 
				2016 os candidatos tenham pela última vez a chance de disputarem 
				uma reeleição. A proposta agradou uma boa parcela de prefeitos e 
				jogou para 2022 a nova regra que prevê os mandatos de 5 anos sem 
				possibilidade de reeleição. 
				A proposta também 
				mantêm a eleição em 2018 para os cargos de Governador, Deputados 
				(estadual e federal), Senador e Presidente, que terão mais um 
				mandato de 4 anos, unificados a partir de 2022 com o pleito 
				eleitoral para prefeitos e vereadores. 
				ENFRAQUECIMENTO DO 
				PARTIDO DOS TRABALHADORES 
				- Com a proposta de unificação das eleições a partir de 2022 
				(sem a possibilidade de reeleição), o PMDB pode estar montando 
				uma estratégia de desarticular e enfraquecer o Partido dos 
				Trabalhadores, da Presidente Dilma Rousseff e do ex Presidente 
				Lula. 
				 
				Se a intenção 
				realmente é esta ainda é cedo para saber, mas como o PT virou o 
				grande alvo das críticas e do repúdio da população brasileira em 
				relação à política - principalmente por conta dos escândalos de 
				corrupção envolvendo membros do partido -, ao manter a eleição 
				dos prefeitos para 2016, praticamente todos os candidatos do 
				Partido dos Trabalhadores deverão enfrentar uma grande 
				dificuldade em reconquistar a simpatia dos eleitores e se 
				elegerem. 
				Com demonstrações 
				claras de que pretende cada vez mais se desvencilhar do PT, o 
				PMDB pode estar preparando o 'bote' já a partir das eleições do 
				próximo ano. Com menos prefeitos, o partido de Lula perde ainda 
				mais sua força e sua representatividade, e abre caminho para o 
				partido de Michel Temer (e seus aliados), que ao que tudo 
				indica, já estão bem organizados. 
				A segunda parte do 
				plano (se é que ele existe), pode ser exatamente o de manter o 
				próximo mandato de Presidente da República por somente 4 anos 
				(ao invés dos mesmos 6 que terão os próximos prefeitos), já que 
				ao que parece, o ex presidente Lula tem dado mostras de que 
				teria intenções de voltar a ocupar a cadeira que já foi dele no 
				Palácio do Planalto. 
				Como essa 
				possibilidade ainda é uma incógnita e ninguém é capaz de prever 
				quais as chances de Lula em voltar a vestir a faixa 
				presidencial, o PMDB pode estar jogando com essa hipótese, e 
				mantendo o próximo mandato de Presidente por apenas 4 anos, sem 
				possibilidade de reeleição em 2022. Vai que... 
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