Nossa história começa ha algumas semanas, com a oitiva de
testemunhas e depoentes junto ao Ministério Público que está
investigando uma enxurrada de denúncias contra o atual governo
de Anderson Sposito, inclusive dessas citadas acima. Pelo que
soubemos, alguns dos depoimentos colhidos confirmaram essas
irregularidades e complicaram a vida do atual prefeito, que
também esteve presente no Fórum para dar as suas explicações, e
mesmo na companhia de um advogado e do Procurador do Município,
parece ter se enrolado com algumas respostas dadas à Promotora
responsável pelas investigações.
Aliás, na
quinta-feira, dia 1 de agosto, mais um depoimento contundente
parece ter complicado de vez a vida de Sposito, e segundo fontes
seguras, o conteúdo dito por este depoente é suficiente para um
pedido de impeachment, que poderá ser apresentado já na sessão
legislativa desta segunda-feira, dia 5.
Caso este pedido
se confirme, e a gravidade da denúncia convença dois terços dos
vereadores, Descalvado poderá presenciar a maior tragédia
política de toda a sua história, que se iniciou ha mais de um
ano, no dia 6 de julho de 2012, através da campanha eleitoral
mais suja e vergonhosa de todos os tempos, passando por uma
eleição municipal que não teve um prefeito eleito, seguida de
uma manobra fundamentada exclusivamente em traição e que elegeu
no dia 1º de janeiro deste ano, um novato sem qualquer
experiência político-administrativa para comandar (ou ser
comandado) junto da Prefeitura Municipal.
Apesar do clima
tenso que se instalou na Câmara Municipal no dia da posse, ainda
houve espaço para algumas piadas, sendo que algumas delas foram
direcionadas ao vereador Ricci, que dava como certa a sua
eleição para Presidente do Legislativo, e sua consequente ida
para a Prefeitura como Prefeito Interino. Umas delas, é esta que
uso como título desta nova crônica. Infelizmente, é provável que
o seu autor hoje esteja arrependido, já que tudo indica que a
piada virou-se contra o piadeiro.
Se uma possível
cassação da administração interina de fato vier a acontecer, a
cidade de Descalvado certamente irá estampar os noticiários dos
mais importantes veículos de comunicação do país, já que é
inconcebível pensar em um governo provisório, que deveria
unicamente manter de forma funcional o que já existia, até que a
situação inédita e por que não dizer de caos voltasse à sua
normalidade, mas que ao invés disso, acreditou possuir um
mandato de quatro anos completos em suas mãos. Imaginem se o
tivessem!
Na minha última crônica, publicada em 16 de junho,
eu já havia alertado que a brincadeira estava acabando e que
Sposito, apesar de ter pago todas as dívidas e promessas de
campanha do grupo que o colocou na cadeira de prefeito, iria
terminar abandonado por todos, tão logo o anúncio oficial da
pré-candidatura de Henrique da Caixa acontecesse. O atual
prefeito deixou-se cercar de cobras e raposas por todos os
lados, que aproveitaram cada segundo de sua inexperiência para
encherem os bolsos e tripudiar sobre os inimigos, ao mesmo
tempo que iam afundando e destruindo a imagem daquele que
deveria ser o único Chefe do Executivo, e aí sim, um
pré-candidato natural nesta nova eleição que se aproxima.
Como todos
sabem, nesta semana depois de uma discussão entre Sposito e o
então Secretário de Finanças, ocorreu a exoneração de Luiz
Antonio do Pinho, atual presidente do DEM (mesmo partido do
prefeito), que nunca escondeu de ninguém suas reais pretensões
de uma nova candidatura (quer seja para prefeito ou de vice) na
nova eleição. Com o belo trabalho de marketing pessoal que vêm
sendo feito por Pinho, principalmente nas redes sociais, e desde
a semana passada também nos três semanários da cidade, o ego
ferido do atual prefeito não suportou tamanha visibilidade e
talvez orientado por alguém, percebeu que estava na hora de
puxar o tapete do até então inseparável companheiro. Mas, como
tudo nessa vida tem as suas consequencias (e a não ser que
Sposito tenha um belo de um trunfo na manga), com a exoneração
de Pinho ele joga fora qualquer possibilidade de se lançar
candidato, já que quem manda no DEM em Descalvado é justamente
aquele que foi demitido. Especula-se que o prefeito deve tentar
tirar o partido das mãos de Pinho, com um pedido diretamente no
diretório estadual do DEM, mas com o excelente relacionamento
que Pinho possui junto ao Deputado Federal Rodrigo Garcia, um
dos homens fortes do partido no estado de São Paulo, é quase
impossível que isso venha a ocorrer.
Aliado à tudo
isso,
na última terça-feira recebemos a visita do Deputado
Estadual Baleia Rossi (PMDB) que dentre outros assuntos, veio
anunciar oficialmente a pré-candidatura de Henrique da Caixa
(também do PMDB), para a disputa eleitoral que se aproxima. Para a
surpresa de muitos, na mesma reunião esteve presente o
ex-prefeito José Carlos Calza (PSDB), que além de desmentir os
boatos de que continuaria a insistir com seus recursos junto ao
TSE, atrasando assim a realização da nova eleição, também
declarou o apoio à Henrique.
Com narizes
torcidos e caras de poucos amigos por parte de alguns presentes
no encontro, ficou nítido que o apoio declarado de Calza não foi
recebido de forma unânime dentro da base peemedebista. Mesmo
assim, é como diz aquele velho ditado: "Ruim com ele, pior sem
ele".
Ainda falando em
Calza, o recurso de embargos de declaração interposto por ele
deverá ser julgado na próxima semana, já que o sistema do
TSE informa que desde o dia 1º de agosto, o processo finalmente
seguiu para julgamento. Se esta previsão se confirmar, é muito
provável que as eleições acontecerão em outubro deste ano.
Sem querer dar
uma de mãe Dinah, sou capaz de apostar um cervejinha gelada de
que nos próximos dias, o prefeito Sposito deverá começar a
sofrer baixas no seu staff de confiança. Como lagartas que se
rastejam até criarem asas, muita gente deve pular do barco do
prefeito, que nos corredores do paço municipal já recebeu o nome
de "Sposinic" (que maldade desse povo!), migrando (ou
retornando) para o novo e mais seguro barco pintado nas cores vermelho e preto (do
PMDB de Henrique).
Aliás, o bandeio
deve começar por pelo menos dois dos atuais secretários
municipais, que jamais jogaram no time do prefeito, mas que por
pressão exercida de forma escandalosa, impuseram-se ou foram
empurrados goela abaixo de Sposito. Agora, além da indigestão
causada, o prefeito vai ficar com a conta que deverá ser cobrada
na Câmara Municipal.
Resta, a meu
ver, apenas uma única saída para essa "sinuca de bico" que
Sposito se enfiou: ARREGO! Evitando um possível pedido de
impeachment por parte do legislativo, talvez uma trégua com o
PMDB (leia-se Edevaldo Guilherme) poderia tirar a corda que está
em seu pescoço, evitando assim uma cassação e garantindo o seu
retorno à Câmara Municipal, para então cumprir pouco mais de um
ano de mandato de presidente e os dois últimos de vereador que
lhe restam. Com esse tempo ainda possível de ser salvo, o atual
prefeito poderá adquirir experiência, saber aliar-se às pessoas
certas, conseguir o espaço dentro do DEM (ou qualquer outro
partido), e se planejar para 2016. Mas para que tudo isso possa
acontecer, ele ainda vai depender do "perdão" do seu algoz. Caso
contrário, essa poderá ser a carreira política mais rápida da
história descalvadense, indo do chão ao céu na velocidade do
som, e caindo para o inferno na velocidade da luz.
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