Segundo Anibal, uma das principais dificuldades para contratar é
a concorrência da oferta de empregos nas cidades e a maior
exigência de qualificação. “Na época do corte manual da cana, o
empregado não precisava ter qualificação. Hoje, com a
mecanização, é preciso maior escolaridade e experiência para
operar as máquinas e até os caminhões”, diz o produtor, que
destaca a dificuldade em contratar, principalmente, motoristas.
Para Carlos Eduardo
Fredo, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), essa
dificuldade, que se agravou nos últimos cinco anos, é uma
tendência do setor. “Na região de Ribeirão, por exemplo, ocorreu
o forte avanço da construção civil e da mecanização nas lavouras
de cana. Isso tornou mais difícil a contratação pelos
produtores.”
EFEITO
CONTROVERSO
- Ainda segundo o pesquisador do órgão, isso traz efeitos
diretos, e até controversos, para o mercado de trabalho rural,
entre eles o aumento dos salários e a terceirização de mão de
obra. “Com isso, houve um avanço na formalização, pois as usinas
contratam os funcionários para trabalharem nas lavouras dos
produtores que fornecem a matéria-prima”, diz.
Uma pesquisa
feita pelo órgão mostra que, entre 2011 e 2012, a Região
Administrativa de Ribeirão, composta por 25 cidades, aumentou em
4,4% o quadro de funcionários rurais com registro em carteira.
“Todos os
trabalhadores da lavoura são contratados da usina, não conseguia
achar ninguém e o custo estava pesando também”, diz o pequeno
produtor de cana Antonio Silva.
FISCALIZAÇÃO
- O fato de o Ministério Público do Trabalho ter intensificado
as fiscalizações no campo coibiu a informalidade nos últimos
anos, e também dificultou as contratações. “Isso fez com que o
trabalho com carteira assinada crescesse, o que pesa para os
produtores menores”, relata Fredo.
MOTORISTA É UMA DAS CARREIRAS MAIS DISPUTADAS
- Há 30 anos trabalhando como motorista, Luis Henrique de
Alexandre, 48, deixou a rotina de viagens pelas rodovias para
trabalhar em lavouras de cana da região.
Ele é um dos 12
motoristas contratados em uma fazenda em Cravinhos. “Decidi
trabalhar no campo porque estava cansado da rotina de viagens e
por conta da oportunidade que tive, com salário melhor”, diz.
O produtor
Daniel Anibal oferta bons salários, de até R$ 3 mil, para
conseguir contratar. “A qualificação é muito importante. Para
ser motorista rural, tanto os que atuam na lavoura quanto os que
levam a cana, é preciso ter carteira categoria E. É muito
difícil contratar.”
TRABALHO RURAL NA REGIÃO
- Total de trabalhadores com carteira assinada no campo em 2012:
15.541.
- Total de trabalhadores com carteira assinada no campo em 2011:
14.879.
- 48,1% dos trabalhadores formais da região atuam no cultivo da
cana.
- 51,9% dos outros postos de trabalho estão diluídos entre
outras 32 culturas.
- Entre as principais estão o café: 8,1% e a pecuária: 7,3%
- 13% da mão de obra formal do campo na região é terceirizada.
- A laranja foi a cultura que mais perdeu trabalhadores entre
2011 e 2012: - 13,4%.
- Entre 2011 e 2012, o total de empregos formais na região
cresceu 4,4%.
- Em todo o Estado, houve uma queda de 3% no mesmo período.
- O salário de motorista na região, de R$ 1.500, em média,
cresceu 43% nos últimos cinco anos
*Fonte:
Jornal A Cidade (RP)
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