Caminhoneiros que trabalham com o transporte da laranja também 
				reclamam de queda no serviço. Em média, os caminhões têm feito 
				uma viagem a cada dois dias, enquanto que no pico das safra 
				anteriores o número era de no mínimo uma viagem por dia.
				A colheita não 
				entrou no ritmo normal porque muitos citricultores ainda não 
				fecharam contratos com a indústria. 
				Em uma fazenda 
				de 
				Descalvado, 
				a situação é diferente. A colheita começou porque o produtor 
				rural já tinha um contrato longo com a indústria, o que garantiu 
				a venda da fruta precoce. São 600 hectares de laranja e a 
				expectativa é colher 1 milhão de caixas. 
				Na lavoura 
				irrigada, a produção rendeu cinco caixas por pé e o preço, que 
				depende da cotação do dólar, também anima o citricultor Roberto 
				Jank. 
				Quem tem esse 
				tipo de contrato deve receber entre R$ 11 e R$ 12,50 por caixa. 
				Já o mercado 'spot', 
				quando a fruta é negociada na porta da fábrica ao preço do dia, 
				ainda está parado. 
				No mercado 
				internacional, a cotação do suco de laranja vem acumulando 
				quedas. Na semana, a desvalorização chegou a 8,5%. 
				MAIS PROBLEMAS - 
				Além da pouca demanda no transporte da safra deste ano, outro 
				problema têm preocupado os caminhoneiros da região. Cera de 300 carretas carregadas com 
laranja estão paradas em frente aos portões da Cutrale, em Araraquara. 
				Caminhoneiros que vieram de várias cidades dizem que estão 
na fila para descarregar há mais de 80 horas. Com a demora, toneladas da fruta 
estão apodrecendo. Além do desperdício, eles reclamam do enorme prejuízo.
				A produção pertence 
				a citricultores que tem contrato com a indústria, mas os 
				caminhoneiros reclamam que a empresa prioriza o recebimento da 
				laranja colhida em pomares próprios. 
				“Nós chegamos 
				com os caminhões e deveríamos entrar aos poucos para que a carga 
				seja pesada e selecionada. O que não vale para eles, temos que 
				descartar. Mas estamos há tanto tempo esperando, que já está 
				quase tudo murcho, virando suco”, relatou o caminhoneiro José 
				Alves, membro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de 
				Araraquara José Alves. 
				Segundo ele, a 
				situação já ocorreu outras vezes, entretanto, a demora nunca foi 
				tão grande. “Se continuar assim, teremos que voltar com toda a 
				mercadoria, porque para eles [Cutrale] não serve, então, temos 
				que devolver para o produtor rural, que não recebe pela safra e 
				tudo é desperdiçado”, contou Alves. 
				De acordo com os 
				motoristas, cada caminhão transporta, em média, 35 toneladas de 
				laranja. Os prejuízos vão muito além da carga perdida. “A gente 
				já põe o caminhão na produção da laranja contando que vai fazer 
				quatro viagens na semana, só que você vê, eu estou aqui já vai 
				fazer 90 horas e eu estou com uma única viagem. Seria impossível 
				fazer duas viagens na semana. Eu estou perdendo pelo menos R$ 1 
				mil”, reclamou o caminhoneiro Jonas Elias Faustino. 
				A Cutrale afirmou que descarregamento ocorre dentro da normalidade, mas disse 
que a programação pode ter sofrido algum tipo de atraso em decorrência dos 
feriados por conta da Copa do Mundo. A empresa ressalta, porém, que são casos 
pontuais e que serão resolvidos ao longo deste final de semana. 
				*Com 
				informações do G1/São Carlos 
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