Um astral nas nuvens, uma alegria e um sorriso incomparáveis.
Uma moça que ‘fala pelos cotovelos’ e de dez palavras, pelo
menos sete saem acompanhadas de gargalhadas contagiantes. Trinta
e três anos, dez de casada (o sortudo é Paulo H. da Silva) e
dois filhos lindos: a Ana Heloysa de 7 anos, e o pequeno Lorenzo
de 1 ano e 10 meses.
Da vida perfeita
de quem estamos falando? Perfeita talvez não, mas feliz, com
certeza, isso porque Roberta Valtorte da Silva, apesar da
descoberta de um câncer de mama com metástase óssea, decidiu
continuar a viver e ser feliz.
O diagnóstico
dessa doença impertinente veio logo após o nascimento de
Lorenzo, quando um caroço surgiu em seu seio direito. Da
descoberta até os dias atuais, claro que os seus dias não foram
mais os mesmos porque, na batalha travada contra o câncer seu
cotidiano ficou restrito ao hospital e poucas regalias.
“Porém, eu
decidi levar a minha vida da melhor maneira possível, claro,
dentro dos padrões que tenho que seguir, mas afirmo que sou
feliz, apesar da doença. Eu sigo viva e disposta a vencer”, diz
a mulher forte que nos últimos tempos se tornou um dos maiores
exemplos de fé e determinação na nossa pequena Descalvado.
Mas
Roberta não está só nesta luta. Ela conta com o apoio, o
carinho e o amor da sua família. Segundo ela, seus
familiares foram fundamentais para que não se
entregasse, e lutasse por sua vitória. Como ela faz
isso? Sempre sorrindo e agradecendo a cada momento
vivido.
“Faço
tratamento há um ano e meio e já passei pela
mastectomia total do seio direito (retirada), já fiz
quimioterapia e com isso perdi meus cabelos. Mas não
perdi a vontade de viver. Atualmente faço acompanhamento
para o fortalecimento dos ossos, e faço medicações em
casa”, esclarece. |
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Mediante esta
nova realidade, Roberta passou a frequentar um lugar que é
referência no tratamento desta doença - o Hospital do Câncer de
Barretos. Somente pelas palavras dela ao descrevê-lo, já se tem
a noção do quanto para os pacientes, um atendimento adequado e
acima de tudo humano é importante e faz a diferença: “só tenho
agradecimentos. Eles, sem por nem tirar ninguém, são os
verdadeiros humanos, que cuidam, que ajudam, que realmente amam
o próximo”.
Além da família
e a equipe médica de Barretos, a descalvadense conta ainda com o
apoio de amigos e até de gente desconhecida. Pelas redes
sociais, a sua luta diária é acompanhada por milhares de pessoas
(somente no Facebook são mais de 2.200 pessoas), que lhes
destinam palavras de fé, ânimo e esperança. “Recebo apoio
praticamente da cidade toda, de conhecidos e não conhecidos e
seria até injusto dar nomes e esquecer de alguns. Sou grata a
cada um que me ajudou de todas as formas possíveis, desde
orações, palavras, mimos, pensamentos positivos, enfim, sou
muito grata”, relata.
Roberta Valtorte: "Eu sigo viva e disposta a vencer" |
Após um
ano e meio como dito acima, Roberta ainda continua em
tratamento e acompanhamento. E nessa guerra contra uma
doença que assusta pelos números que se apresentam –
segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer
(Inca), somente neste ano serão 580 mil casos novos da
doença -, Roberta só encontra apenas uma dificuldade: a
distância dos filhos, forçada pelas vezes em que tem que
permanecer no hospital.
Mas
também é por eles que ela se mantém firme e forte e
confiante na sua vitória. Aliás, a doença, segundo
Roberta, não é encarada como um mal. “Pra mim nada
mudou, só acrescentou-me em sabedoria”, destaca.
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Assim como
muitas pessoas no município, Roberta considera que o número de
casos de câncer em Descalvado chama a atenção e que merece um
olhar diferenciado por parte dos nossos governantes. “Mas como
fazer para que algum político, ou qualquer outro cargo que seja
se mobilize diante de uma população que tem propósitos tão
diferentes? Políticos vão atrás do que a população exige para
obterem mais e mais fiéis eleitores. Porém eles deixam de lado a
saúde para cuidarem mais da estética da cidade”, lamenta.
Ela está fazendo
a sua parte. Através das redes sociais iniciou um movimento para
atrair a atenção das autoridades em se apurar as possíveis
incidências das torres de telefonia móvel, em casos de câncer.
Essa é uma luta, aliás, do renomado médico Dr. Ednir Salvador
Sápia, que há anos vem tentando sensibilizar os governantes
municipais, sobre os efeitos maléficos desse tipo de estrutura,
instalados em meio a regiões domiciliares.
Roberta sabe que
há um longo caminho a ser percorrido. Mas assim como encara a
sua luta, ela também não irá desistir e, novamente, ela nos dá
um grande exemplo de vida e nos põe a pensar: “eu diria que, por
pior que seja a situação, nunca perca a FÉ. Aprendi que o que é
BOM passa, e o que é RUIM também passa. Admire a Vida! Não é
porque existe uma árvore doente em seu jardim, que todas as
outras perderam a beleza”.
E você, continua
a acreditar que o seu problema é o maior do mundo?
SOBRE
O HOSPITAL DO CÂNCER DE BARRETOS
- O Hospital do Câncer de Barretos se propõe tratar com
dignidade pacientes de câncer, sem nenhum recurso
financeiro. Sua origem data da década de 60, quando o
único hospital especializado para tratamento desta
doença situava-se na capital. Naquela época, os
pacientes que se dirigiam ao Hospital São Judas de
Barretos com a doença, eram, em sua maioria,
previdenciários de baixa renda, com alto índice de
analfabetismo e por isso, tinham dificuldades de buscar
tratamento em São Paulo por falta de recursos, receio
das grandes cidades, além da imprevisibilidade de vaga
para internação. |
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Foi então que em
27 de novembro de 1967, instituiu-se a Fundação Pio XII e,
conforme memorando 234, de 21 de maio de 1968, assinado pelo Dr.
Décio Pacheco Pedroso, diretor do INPS, passou a atender
pacientes portadores de câncer. Este pequeno Hospital contava
com apenas quatro médicos: Dr. Paulo Prata, Dra. Scylla Duarte
Prata, Dr. Miguel Gonçalves e Dr. Domingos Boldrini. Eles
trabalhavam em tempo integral, dedicação exclusiva, caixa único
e tratamento personalizado. Filosofia de trabalho que promoveu o
crescimento da Instituição. Devido à grande demanda de pacientes
e ao velho e pequeno hospital (são Judas) não comportar todo
crescimento, o Dr. Paulo Prata, idealizador e fundador, recebeu
a doação de uma área na periferia daquela cidade e propôs a
construção de um novo Hospital que pudesse responder às
crescentes necessidades.
No ano de 1989,
Henrique Prata, filho do casal de médicos fundadores do
hospital, abraçou a ideia do pai e com a ajuda de fazendeiros da
cidade e da região realizou mais uma parte do projeto. O
pavilhão Antenor Duarte Villela, onde funciona o ambulatório do
novo hospital foi inaugurado em 6 de dezembro de 1991.
Dando sequência
ao projeto que vem ganhando grandes proporções com a ajuda da
comunidade, de artistas, da iniciativa privada e com a
participação financeira governamental, outras áreas do hospital
estão sendo construídas para atender via SUS, os pacientes com
câncer que chegam até nós. Uma maneira que o hospital encontrou
de homenagear estas pessoas que contribuem com esta causa é
colocar nos pavilhões os nomes dos artistas.
Atualmente são
16 pavilhões destinados ao completo funcionamento da
instituição, além da unidade de prevenção, estudo e pesquisa,
alojamentos e as unidades de cuidados paliativos e o hospital de
Jales, que também é mantido pela Fundação Pio XII.
Os números do
Hospital do Câncer de Barretos são surpreendentes: 4.000
atendimentos/dia e todos, 100% dos atendimentos são via SUS.
1500 municípios
atendidos em 27 estados brasileiros e um déficit mensal de R$ 5
milhões. São servidas 6000 refeições diárias.
Cerca de 6
unidades móveis de prevenção percorreram cerca de 282.090km
pelas estradas do país realizando exames preventivos de mama,
pele, próstata e colo uterino em toda população.
Atualmente, 1.800
colaboradores e 200 médicos que trabalham em tempo integral e
dedicação exclusiva.
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