Mas como todo bom sacerdote, Padre Alex muito mais do que
acolher a sua transferência, atendeu a um chamado de Deus e
hoje, já é parte da comunidade local. Mas quem é o Padre Alex?
O padre cuja transferência (de Limeira) causou comoção e apelos
por sua permanência?
Segundo suas
palavras, “um sacerdote feliz que descobriu sua vocação e faz
dela um sentido pra vida. Preocupado com as questões
existenciais das pessoas, com o mundo e com a Igreja. Nosso povo
sofre muito e a maior dor é da alma, gostaria de poder fazer
mais por elas, nosso mundo ainda precisa encontrar a paz, nossa
igreja precisa chegar mais ao coração de nosso povo. Sou
apaixonado pela igreja, desejo servi-la durante toda minha vida.
Sou um ser humano e me encanta esta humanidade em nós. A vida me
encanta porque Deus se manifesta profundamente humano. Ele é
cheio de detalhes e quer nos despertar para os detalhes de nossa
humanidade, não se pode ser superficial é preciso ser
“profundo”, viver com profundidade cada detalhe, superar as
adversidades e ser feliz. Ser feliz é o maior dom, construir
amizades e viver cada dia na possibilidade do recomeço, porque
nunca estamos prontos, este é nosso desafio.”
Nascido na
cidade de Cambé, no Paraná, o hoje administrador da Quase
Paróquia de São Judas Tadeu (devoto de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro), disse que sua vocação para o sacerdócio não teve nada
de extraordinário. Além da convivência com sua avó, mulher de
bastante fé e devota de Nossa Senhora Aparecida, a sua decisão
aconteceu através de missões religiosas querealizadas nas
escolas, em sua cidade.
“Penso que as
raízes de minha vocação têm origem com minha avó. Minha infância
e adolescência foram em convivência com ela que transmitia uma
fé muito grande em Nossa Senhora, muitas estórias ela me contou
de sua relação de fé com Nossa Senhora Aparecida. Isto unido com
as novenas de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que todas as
quartas-feiras ela ouvia pelo rádio e fazia questão de deixá-lo
bem alto pra todos ouvirem, que me fez ter uma devoção especial
a nossa Senhora, ela esteve sempre presente na minha vida. Minha
infância foi de igreja, mas não de convivência na comunidade,
lembro-me que muitas vezes ia à igreja para rezar e ficava ali,
passeando pelo presbitério, eu gostava de fazer aquilo. Mas
nunca me passou no pensamento a ideia de ser padre. Somente na
minha adolescência/juventude que despertou minha vocação. Foi
através das santas missões populares que aconteceram em minha
cidade natal; um sacerdote foi dar uma palestra na escola que
estudava. Sua mensagem e sua presença marcaram aquela visita,
tanto que ao final da palestra ele fez um convite: convidou aos
jovens para serem padres. Aquele convite caiu no meu coração e,
a partir daquele momento, percebi que poderia ser padre e
anunciar o amor de Deus como aquele padre anunciou no meu
coração”.
Tomada a
decisão, o caminho para tornar-se um sacedorte foi se desenhando
naturalmente. Estudandoem seminário da nossa Diocese, foi nele
que tomou a decisão de começar seus estudos para padre no ano de
1998. Como todos os seminaristas, fez seus estudos de filosofia
e teologia no seminário diocesano e PUC Campinas. Ordenou-se
Diácono no dia 19 de fevereiro de 2006, na Igreja Santa Isabel,
cidade de Limeira, onde permaneceu até o final do ano após sua
ordenação como padre no dia 13 de agosto. No ano seguinte,
2007, foi transferido para Pirassununga na paróquia Senhor Bom
Jesus, ajudando na preparação da instalação da atual paróquia
são Francisco de Assis e atuando como vigário paroquial. Em 2008
foi transferido para a paróquia são Paulo Apóstolo, cidade de
Limeira, e em 2013 transferido para a paróquia Nossa Senhora do
Brasil, cidade de Americana.
A seguir,
acompanhe como foi a chegada do Padre Alex em Descalvado:
- Como recebeu o
convite da sua transferência para Descalvado? Onde estava?
O convite para
fazer uma experiência em Descalvado veio de nosso bispo
diocesano Dom Vilson e confesso que nunca imaginei trabalhar
nesta região norte de nossa diocese; mas a notícia de minha
transferência chegou em meu coração de forma muito tranquila
pois já a esperava. Mudar de realidade é sempre um grande
desafio, tendo em vista que todos os meus anos de sacerdócio
trabalhei na região Centro e Sul (Limeira, Americana), mas chego
em Descalvado, de modo particular na Quase Paróquia de São Judas
Tadeu com muita esperança de poder com o auxilio de Deus e da
porção do povo a mim confiada, dar continuidade naquilo que
começou, pois muitos são os trabalhos que os padres antecessores
iniciaram, e trazer minha contribuição para que tudo possa
seguir em frente: os trabalhos pastorais, animação missionária,
toda parte administrativa, as construções físicas de nossa
comunidades e sobretudo conduzir a Quase Paróquia São Judas
dentro da proposta de caminhada diocesana em comunhão com toda a
diocese de Limeira.
- Como foi a
recepção na cidade e na comunidade, destacadamente a que faz
parte da Quase Paróquia de São Judas Tadeu?
É sempre uma
grande expectativa chegar a um lugar novo e conhecer pessoas
novas. A preocupação primeira é como será a acolhida das
pessoas. Aqui em Descalvado o povo é muito acolhedor e gosta de
receber bem as pessoas e pude perceber isto logo na minha
primeira celebração; todos me acolheram com muito respeito e
sorriso no rosto, palavras de incentivo e apoio não faltaram,
todos se colocaram a disposição para qualquer necessidade. De
imediato pude sentir o amor deste povo que acolhe de coração
aberto os padres e os têm como parte de suas famílias. Na Quase
Paroquia São Judas me surpreendeu a acolhida das lideranças que
se colocaram logo em comunhão com o novo administrador
paroquial. O conselho e os coordenadores de comunidades me
apresentaram seus trabalhose toda caminhada já feita,
construímos de imediato uma simpatia dando abertura para início
de uma nova etapa cheia de expectativa e esperança. O povo em
geral, nem se fala, abriram as portas do coração e de suas
casas, muitos são os convites para almoçar, tomar um lanche, na
verdade são desejos de estar perto e conhecer melhor o novo
padre. Isto me enche o coração de alegria, ter ao meu lado um
povo muito acolhedor. Espero retribuir a tanto carinho,
acolhido.
- Qual é o
trabalho que o Senhor pretende desenvolver junto à comunidade?
Toda paróquia
tem seus desafios. Penso que não é diferente na Quase Paroquia
São Judas. Como administrador paroquial recebemos a missão de
coordenar os trabalhos pastorais e administrativos do local onde
atuamos. Existe já uma caminhada começada, por isso, o primeiro
passo é conhecê-la. Quero conhecer e acolher as boas propostas,
avaliar para traçar caminhos e metas no desejo de sempre
descobrir a melhor forma de caminhada da comunidade. Existem
orientações pastorais que nossa diocese nos oferece para o
crescimento e animação de nossas pastorais, bem como um projeto
a nível de cidade e particularmente nas paróquias. Minha
primeira preocupação é construir um caminho de esperança,
fazendo com que nossas comunidades estejam sempre em atitude de
missão e acreditando nela. Missão que acontece no dinamismo e
organização das pastorais, serviços e movimentos, na atenção em
relação às necessidades de nosso povo, fortalecer uma
espiritualidade centrada em Jesus descobrindo verdadeiramente
Nele o sentido do nosso servir e o sentido mais profundo de
nossa vida que é amar; direcionar os trabalhos num espírito de
diocesaniedade, tendo em vista o aniversário de 50 anos de nossa
diocese. Nosso povo tem história, caminhada de fé e espera de
nós padres que estejamos ao seu lado para orientá-los como bons
pastores.
- O Senhor é um
padre que mantém um contato maior com seus fiéis, destacadamente
nas redes sociais. Acredita que essa ferramenta auxilia na
evangelização das pessoas?
Os meios de
comunicação sociais hoje são imprescindíveis, “todo mundo tá na
rede”, conectado. Penso que o tempo que temos no nosso dia a dia
não permite encontrarmos com todas as pessoas pessoalmente, como
na verdade deveria ser. As pessoas precisam de maior contato
humano, com a realidade uma das outras, precisam descobrir a
força que existe no “encontro”, Jesus era o homem do encontro.
Mas devido a inúmeras dificuldades isto não acontece, assim,
vejo nas ferramentas de redes sociais um caminho para em partes
melhorar estas dificuldades. Estar na rede social se torna
oportunidade de levar uma mensagem e manter contato. Eu tenho
percebido que muito podemos ajudar as pessoas com uma mensagem,
uma palavra de força espiritual, sendo dia-a-dia um caminho de
evangelização e as redes sociais nos permitem isto. O que
precisamos é também pensar em evangelizar as redes sociais, por
isso, contamos com os cristãos que usam desta ferramenta para,
entre tantas coisas boas (desconsiderando outras), anunciar a
Boa Nova.
- O senhor atua
de acordo com a renovação carismática?
Penso que mais
do que falar de renovação carismática, existe uma
espiritualidade pentecostal que vêm de uma experiência com Deus
Espírito Santo. Toda espiritualidade tem suas riquezas e a
renovação carismática, sendo um movimento da igreja, traz sua
contribuição e expressa sua riqueza em comunhão com todas as
outras correntes de espiritualidade. Durante alguns anos fui
assessor diocesano da Renovação Carismática de nossa diocese,
foi um tempo em que pude experimentar desta espiritualidade e
trazê-la para a minha vida sacerdotal. Depois disto desenvolvi
alguns projetos a partir desta espiritualidade e sinto que hoje
ela faz parte de algo muito pessoal da minha experiência de fé.
Tenho muita preocupação com o que muitas vezes tenho visto nos
exageros e falta de comunhão com as orientações da nossa igreja.
Toda espiritualidade, todo movimento deve apontar com
discernimento uma caminhada de fé, uma experiência com Deus.
- Qual é a sua
mensagem para os descalvadenses?
Gostaria de
agradecer a acolhida de todos, de modo especial da minha Quase
Paróquia de São Judas Tadeu. Eu sei que o novo requer tempo de
conhecimento, por isso digo: vamos nos conhecer. Existe um
sentimento no ser humano que é o desejo de ser feliz, todo mundo
quer ser feliz. Que este tempo em Descalvado na Quase Paróquia
São Judas seja uma oportunidade de sermos felizes juntos, nos
apoiando, esforçando, perdoando e construindo o amor como nosso
maior testemunho de sermos igreja de Jesus Cristo. Desejo a
todos uma quaresma de muita conversão, “morrendo para o velho”,
preparando-nos para celebrarmos com Cristo a vitória da vida
sobre a morte. Que sobre nós brilhe sempre o Sol da
Ressurreição.
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