A crise está atingindo diretamente São Carlos. Apesar de o 
				município não abrigar nenhuma usina sucroalcooleira, entre 80% e 
				90% das áreas cultiváveis foram arrendadas para estas empresas e 
				receberam plantações de cana. Este volume de terras chega a 
				cerca de 1.000 quilômetros quadrados. Os grandes compradores 
				desta cana são a Usina Ipiranga (Descalvado), 
				Usina Tamoyo (Araraquara) e Usina da Serra (Ibaté).  
				“As melhores 
				regiões produtoras de grãos, como o entorno de Ribeirão Preto, o 
				Sul de Minas Gerais e o norte do Estado do Paraná receberam 
				incentivos para receber o plantio de cana”, afirma o presidente 
				do Sindicato Rural de São Carlos, o engenheiro agrônomo, Eunízio 
				Malagutti. 
				Segundo ele, a 
				situação é bastante complicada, pois toda a infraestrutura que 
				havia para a criação de gado ou o plantio de grãos, simplesmente 
				foi desfeita para a produção de cana. “Atualmente os custos, de 
				mão-de-obra e insumos estão em alta enquanto os usineiros estão 
				descapitalizados”, explica Malagutti. Ele afirmou que o etano se 
				tornou economicamente inviável. 
				EMPRESÁRIOS 
				CULPAM GOVERNO 
				- Em Ribeirão Preto, um dos principais polos de produção de 
				cana-de-açúcar do país, os equipamentos estão velhos e os 
				galpões destelhados. Em uma das usinas da região, o mato nasceu 
				e cresceu sobre as caçambas que eram usadas no período de 
				produção. 
				“A empresa já 
				quebrou e não tem mais futuro. Esse governo, na história, vai 
				ser lembrado como o que enterrou de vez um programa de energia 
				alternativa do país”, lamenta o empresário, Maurílio Biagi. 
				A falta de 
				competitividade do etanol em relação à gasolina é apontada como 
				o principal fator que desencadeou a crise no setor. O 
				combustível produzido a partir da cana-de-açúcar passou a ser 
				desvantajoso e pouco remunerador. Os produtores e usinas que 
				moem a cana, amargam a disparidade nos últimos quatro anos. 
				“Quando foi 
				quebrada a paridade do álcool e gasolina, foi decretado o fim do 
				etanol. Até acharam que poderia ser resolvido, mas, hoje, já não 
				estamos mais numa crise, estamos num desmonte do álcool no 
				Brasil – enfatiza Biagi”. 
				FALTA DE CHUVAS 
				AGRAVA PROBLEMA 
				- Na safra de 2013/2014, a situação se agravou e o setor 
				enfrentou a falta de chuvas nas principais regiões produtoras, o 
				que fez com que a produção da cana fosse prejudicada, reduzindo 
				a oferta de produto no mercado e aumentando o prejuízo dos 
				produtores. Para o diretor de agronegócio Itaú BBA, Alexandre 
				Enrico Figliolino, falta atitude do governo para tentar salvar o 
				setor de cenários ainda piores nos próximos anos, que podem ser 
				agravados, caso aconteçam novas estiagens. 
				Com a crise, a 
				dependência das empresas, sobretudo ao governo aumentou o que 
				também prejudicou a autonomia dos grupos. Segundo o diretor de 
				da KPMG, Martiniano Cunha Lopes, existe falta infraestrutura nas 
				usinas, onde não se tem planejamento ou sucessão. 
				Segundo Biagi, o 
				fechamento das empresas vai provocar a extinção de cerca de 30 
				mil postos de trabalho no país. “Se medirmos o efeito do 
				fechamento das usinas, dos desempregos, da quebra de atividade, 
				da importação de produtos que não serão mais feitos aqui, o 
				impacto é de bilhões e bilhões”, salienta Biagi. 
				*Com informações 
				Jornal Primeira Página 
  |