O aluguel ainda é atraente para os consumidores pois, para comprar uma
casa, é preciso pagar uma parcela considerável do total negociado e, na
maioria das vezes, financiar o restante com juros, explica o economista
Bruno Oliva, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
"Do ponto de vista
econômico, o aluguel é melhor porque esse dinheiro pago à vista, na hora
da compra, poderia ser colocado no banco em alguma aplicação rentável.
Como os imóveis estão se valorizando menos do que a inflação, eles são
menos rentáveis agora", diz Oliva.
Para comprovar a tese, o
economista cita o último índice FipeZap, que mostrou uma alta média de
6,29% no valor dos imóveis em doze meses. Esse crescimento foi menor do
que a inflação oficial, que fechou o ano passado em 6,41%.
Assim, uma pessoa que
investiu R$ 100 mil na compra de um imóvel viu que seu imóvel passou a
valer, em média, pouco mais de R$ 106,2 mil nos últimos 12 meses. Se ele
tivesse aplicado esse dinheiro em um Fundo de DI, teria guardado
aproximadamente R$ 111 mil — ou seja, R$ 4.800 a mais.
O aluguel fica ainda
mais atraente ao se analisar o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado),
indicador usado para reajustar a maioria dos contratos de aluguel. Esse
índice acumulou alta de 3,69%, atingindo a menor taxa desde 2009. Desta
forma, quem mora em um imóvel de outra pessoa viu a parcela do aluguel
subir menos do que a inflação no último ano. Um aluguel de R$ 1.000 que
venceu em janeiro, por exemplo, teve reajuste de modestos R$ 36,90.
Flavio Figueiredo,
engenheiro civíl e diretor da empresa Figueiredo & Associados, lembra
que a compra requer gastos extras com decoração e personalização,
escritura e comissão da corretagem. "Todos esses gastos com decoração e
burocracia são muito pesados pensando num cenário de curto prazo. Para
decidir se deve ou não comprar, o interessado deve levar em conta
fatores pessoais, além dos econômicos" explicou
Desde janeiro, a compra
da casa própria financiada ficou mais pesado no bolso do brasileiro, já
que os juros do financiamento imobiliário da Caixa, líder no segmento
com participação de mercado próxima de 70%, subiram em janeiro.
VANTAGEM DA COMPRA
- O especialista da Figueiredo & Associados discorda, porém, quando fala
sobre as vantagens do aluguel. Para ele, muitas pessoas se enganam ao
usar os rendimentos de uma aplicação para pagar o aluguel e deixam de
lado a compra da casa própria. Para não cometer esse erro, ele sugere
uma análise de longo prazo.
"Conheço pessoas que se
arrependeram após aplicar um montante considerável em investimentos
conservadores ao invés de comprar uma casa. Se você colocar R$ 500 mil
numa aplicação conservadora, sabe que esse dinheiro é suficiente para
comprar uma casa hoje. Daqui a dez anos, porém, o mesmo montante pode
não ser suficiente para adquirir um imóvel" diz o especialista.
"Isso acontece, por
exemplo, quando os rendimentos que fariam o investimento crescer são
gastos com aluguel e não incorporados no total aplicado. Só vale a pena
aplicar se a pessoa tem um perfil de investidor mais agressivo e
acompanha o mercado" afirmou.
MERCADO
- Oliva explica que, nos últimos dez anos, o valor dos imóveis aumentou
muito porque o mercado de trabalho estava aquecido, fato que elevou a
renda da população. Também houve uma liberação maior de crédito, com
contratos de financiamentos imobiliários passando de 20 para 30 anos a
partir de 2011.
O economista também
aponta uma mudança demográfica que influenciou os preços porque mais
pessoas começaram a formar novas famílias. Mas o cenário agora é outro.
"Agora estamos em um momento oposto porque naturalmente, depois de uma
alta prolongada, o mercado acaba vivendo uma acomodação e os preços
começam a subir menos. Além disso, existe um pessimismo grande quanto ao
desempenho da economia do Brasil neste ano", disse.
Figueiredo também é
enfático ao apontar a influência do desempenho econômico do país no
setor imobiliário. "Enquanto a economia andar de lado, os preços vão
continuar andando de lado", concluiu.
*Com informações do
R7
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