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Depois de meses de estiagem, o Rio Mogi Guaçu volta
aos poucos à sua exuberância. O rio, um dos mais importantes do Estado, com 473
quilômetros de extensão, é uma das principais fontes de abastecimento de Araras,
Porto Ferreira e mais 41 cidades paulistas, e pede atenção.
Atualmente, ele é o
último recurso de quem mora em Araras. O sistema de
abastecimento da cidade é formado por dois complexos de quatro
represas e mais o Mogi. Mesmo com o esquema de racionamento
desde outubro, os reservatórios secaram e a mortandade de peixes
em um deles, provocada pela estiagem, deixou a situação ainda
mais crítica.
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O racionamento é
realizado em esquema de rodízio com 12 horas de abastecimento e
36 horas sem e, mesmo com esse controle, a situação não é
tranquila, segundo o presidente do Serviço de Água e Esgoto de
Araras (Saema), Felipe Degotti Beloto.
“Nós ficamos na
dependência do Mogi Guaçu neste momento, que pode acabar nos
surpreendendo porque é um rio que abastece muitos municípios e
nós estamos hoje dependendo somente dele”, explicou Beloto.
Para Porto
Ferreira nunca foi um problema depender do Mogi Guaçu. O rio é
responsável pelo abastecimento de praticamente todos os 55 mil
habitantes. E mesmo no momento mais crítico, a vazão estava dez
vezes maior do que a necessidade de captação, que é de 200
litros por segundo.
Com uma situação
relativamente tranquila, a concessionária responsável pela água
e esgoto da cidade investiu em campanhas de conscientização e
trabalhou para diminuir as perdas com vazamentos. O resultado de
agosto a novembro foi a economia de 180 milhões de litros, o que
daria pra abastecer a população toda por dez dias. Para o gerente
de operações da concessionária, Gustavo Van Deursen, a principal
lição da estiagem é que a água deve ser valorizada sempre.
“Mesmo com as primeiras chuvas no começo do verão, que os bons
hábitos sejam mantidos e que o uso da água seja cada vez mais
inteligente”, disse.
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Um dos segredos
da preservação no rio ao longo de todos os 17 quilômetros que
cortam Porto Ferreira é a mata preservada dos dois lados. Toda
essa vegetação, além de evitar que a terra seja arrancada das
margens, provocando o assoreamento, também funciona como uma
esponja que, mesmo com o calor, consegue segurar a água.
Segundo o
geólogo Sérgio Antonini, os seis rios e pequenas nascentes que
alimentam o Mogi também ajudam. "Neste percurso todo que o rio
faz, você tem a contribuição de vários afluentes aumentando o
volume de água", explicou.
O geólogo é um
dos 150 integrantes da Associação de Canoeiros de Porto
Ferreira, fundada há quase 20 anos para proteger o Mogi Guaçu.
Além de campanhas de conscientização e plantio de mudas, eles
são verdadeiros lixeiros do rio. Uma vez por mês, navegam para
recolher tudo o que o visitante joga.
O agente federal
Luis Angelucci alerta para a importância da preservação. “A água
é vida. Então, nós temos que conscientizar a população,
precisamos preservar o Mogi", falou.
O pescador
Durval Penha Francisco depende do rio para sobreviver. “Eu
tenho 70 anos, sempre sobrevivi dele e quero sobreviver o resto
da minha vida”, contou.
*Fonte:
G1/São Carlos / Fotos: Mário Zambelli
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