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O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta)
encaminhou nota técnica ao Ministério da Pesca e ao Ministério do Meio Ambiente
pedindo a prorrogação do prazo da piracema até 31 de março no Rio Mogi Guaçu, em Pirassununga,
e em outros três que cortam as regiões de Campinas, Ribeirão, Sul e Sudoeste de
Minas Gerais. O prazo de proibição da pesca terminaria no dia 28, mas a estiagem
prejudicou a reprodução dos peixes.
O coordenador do
Cepta, Antônio Fernando Bruni Lucas, explicou que o objetivo do
documento é alertar sobre os riscos de liberar a pesca depois de
um período longo sem chuvas. “Necessitamos dessa prorrogação
porque o nível dos rios |
está muito baixo,
parte dos estoques não desovaram e a outra parte está presa em
bolsões”, explicou.
Segundo o
coordenador, com a estiagem deste ano 85% dos peixes
continentais não conseguiram subir até o lar de reprodução e
perderam a época de desova. A ideia da prorrogação é permitir
que os 15% que estão presos nos bolsões se reproduzam e não
sofram a pressão da pesca.
PREJUÍZOS
- O Cepta possui um plano de ação nacional de preservação dos
Rios Mogi, Pardo, Sapucaí - Mirim e parte do Rio Grande. Nesta
região, existem 14 espécies de peixes ameaçadas de extinção. “A
preocupação é de que esses peixes acabem sendo capturados e não
consigam se reproduzir no ano que vem", disse Lucas.
Além de
prejudicar a reprodução, a estiagem tem causado a mortandade de
peixes em rios da região. “Diminuiu a quantidade de água, devido
à falta de chuva e a quantidade de matéria orgânica continua
descendo pelo rio. Isso faz com que os peixes percam oxigênio
que é vital para eles”, afirmou o coordenador.
RECUPERAÇÃO
- A recuperação de
espécies encontradas mortas no
Rio Mogi Guaçu, em Porto Ferreira, no sábado (15), pode
levar até cinco anos, segundo o analista ambiental do (Cepta),
Paulo Sérgio Ceccarelli. A mortandade atingiu 15
espécies, que foram encontradas às margens do rio.
O centro
também prevê uma quebra na produção de mais de 30
toneladas de peixe. O prejuízo vai ser percebido nos
próximos anos. “Vai faltar peixe. Para recuperar o
impacto dessa seca não é com a primeira desova. É pelo
menos quatro a cinco desovas. Uma seca dessa pode ter
repercussão, no mínimo, até oito anos”, disse Ceccarelli
no início de fevereiro. |
Foto: José Guilherme Dickfeldt |
*Com
informações do G1/São Carlos
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