Mulher deixou os filhos em casa por 30 dias
e passou o tempo usando drogas nas
ruas |
“Eu falei para os meus filhos que iria comprar mantimentos, mas, no meio do
caminho, encontrei uma amiga e tive uma recaída. Voltei a fumar crack e não
voltei mais para a casa”, relata a desempregada Rosana (nome fictício), de 38
anos, que agora aguarda vaga para internação em uma clínica de recuperação, em
Descalvado. Rosana, que
mora no condomínio Romilda Barbieri, no bairro Selmi Dei 5 em
Araraquara, deixou uma filha de 14 anos e um filho de 9 sozinhos
por cerca de 30 dias. Ela foi localizada pela família no Jardim
das Hortênsias e, com ajuda da filha, voltou para casa.
Durante todo esse
período, a filha de 14 anos cuidou do irmão caçula e da casa.
Sem recursos financeiros, |
os dois
sobreviveram com ajuda da tia, que mora em frente, e dos vizinhos. Além
disso, eles vêm sendo assistidos pelo Conselho Tutelar desde
setembro deste ano.
“Quando a gente
morava com meu pai, minha mãe também sumia por alguns dias. Mas
ela nunca ficou tanto tempo fora assim”, conta a filha. A menor
decidiu procurar ajuda quando a alimentação começou a ficar
escassa. Rosana voltou para a casa há três dias. “Eu estava suja
e com medo de ser linchada”, diz a mãe.
Os filhos, que
são evangélicos, a acolheram e agora torcem pela recuperação da
mãe, que, pela primeira vez em 26 anos, decidiu buscar ajuda.
Rosana está com uma carta de internação, cedida pelo Caps-AD
(Centro de Atenção Psicossocial) Álcool e Drogas “Doutor Calil
Buinain”. Espera apenas pela vaga.
Rosana estava
casada com o pai dos jovens há 18 anos, mas há três meses
descobriu uma traição. Os dois discutiram e ela teve a
recaída. De acordo com a desempregada, o pai das crianças a
colocou na rua e depois levou os filhos para a casa da avó
materna, em Guarapiranga, distrito de Ribeirão Bonito.
“Morávamos no Jardim Águas do Paiol. Por sorte, minha irmã me
emprestou esta casa para eu morar com os meus filhos”, diz. Ela
afirma que seu ex-companheiro nega a paternidade. Segundo o
conselheiro tutelar Walter Fraga, o pai foi advertido duas vezes
pelo Ministério Público, que vem acompanhando o caso de perto.
“O caso está sob
controle. Eu visito a família a cada dois dias. Já conversei com
todos os familiares. Uma tia, que mora em frente, se prontificou
a cuidar das crianças quando a mãe conseguir a internação.
Inicialmente, elas não serão encaminhadas para abrigamento”,
conclui.
A ORIGEM
- Rosana conta que começou a usar drogas aos 12 anos, quando foi
expulsa de casa pela sua mãe, a pedido do seu companheiro. Sem
ter para onde ir, acabou indo morar na rua. “Eu não queria fumar
crack. A primeira vez que me ofereceram eu recusei, mas levei um
tapa na cara. Por questão de sobrevivência, comecei a fumar,
senão eu apanhava. Para pagar pela droga, eu me prostituía”,
explica. Antes disso, aos 11 anos, foi estuprada pelo irmão da
sua mãe, na fazenda onde moravam, em Boa Esperança do Sul.
“Minha mãe disse que eu era culpada, porque teria seduzido meu
tio”, conta.
FAMÍLIA É
ASSISTIDA PELO CREAS
- O Secretário de Assistência e Desenvolvimento Social de
Araraquara, José Carlos Porsani, explica que a família vem sendo
assistida desde outubro pelo Creas (Centro de Referência
Especializado de Assistência Social). Lá, as crianças recebem
apoio de psicólogos e assistentes sociais. O Conselho Tutelar
também está à frente do caso. As vagas na escola estão
garantidas para 2015, uma vez que o ano letivo está terminando.
A Prefeitura de
Araraquara informou que a paciente é acompanhada pelo Caps-AD e
os laudos e documentos para a solicitação da internação já estão
prontos. No momento, a Secretaria de Saúde finaliza o processo
de licitação para contratação da clínica, a homologação deve
ocorrer na próxima semana. A internação será em uma clínica
localizada em Descalvado, pois a cidade não tem estabelecimentos
que ofereçam esse serviço.
*Com informações do portal Araraquara.com / Foto: Marcos Leandro
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