A microempreendedora descalvadense Vandircéia do Prado
entrega mercadorias nas casas dos clientes. |
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Dados do Portal
do Empreendedor mostram que as mulheres da região estão
investindo cada vez mais em negócios próprios. Em Mococa,
são 740 empresárias, 51,48% do total de microempreendedores.
Em Brotas, também há mais mulheres do que homens comandando
pequenos negócios: dos 643 microempreendedores, 334 são do
sexo feminino. Em Descalvado, dos 1.109 microempreendedores,
575 são mulheres, 51,8% do total.
A vontade de
empreender geralmente vem com o desemprego ou surge com a
necessidade de ficar mais tempo com a família, e não faltam
exemplos de mulheres que estão conseguindo se destacar no
ramo escolhido.
Tamara
Bachiega é uma delas. Moradora de Mococa, ela não sabia
cozinhar quando ficou desempregada. Hoje, domina diferentes
receitas e comanda um serviço de |
buffet. “No começo,
nem ovo ela fritava. Uma cena muito interessante foi quando ela
conseguiu fazer arroz. A gente quase não conseguiu comer de tão
salgado que ficou. Só descia à base de refrigerante”, contou o
marido, Wilson Marcili.
“Comecei aos
poucos, fazendo cursos, quitutes, aprendendo, pegando receitas
das avós, da sogra, da mãe. Judiei bastante da família, fiz todo
mundo experimentar até chegar ao ponto”, afirmou a empresária. O
negócio deu tão certo que ela começou a inovar. Criou receitas
como uma pizza no palito para agradar as crianças e, para o
Natal, inventou uma bala sabor panetone, com frutas
cristalizadas.
Atualmente, ela
realiza oito festas por mês, ganha mais do que quando era
funcionária e gera empregos. “A gente trabalha bastante, eu
tenho um pessoal que me ajuda. São cerca de seis pessoas, oito
pessoas dependendo do tamanho do evento”, afirmou.
Outro exemplo de
coragem em empreender é o de Vandircéia do Prado, de Descalvado,
que transformou a garagem de casa em uma loja de queijos e doces
mineiros.
“Eu comecei a
pesquisar fornecedores, tive um bom retorno dessa parte,
coloquei os doces no carro, fui oferecendo para alguns amigos
íntimos e aí eles foram me indicando outros produtos e falando
‘traz queijo’, ‘traz uma manteiga’”, relatou.
A ideia deu tão
certo que agora ela se prepara para abrir uma segunda loja.
“Vai ser uma parceria com uma loja de roupa country. Ele vai me
disponibilizar um espaço para eu colocar os meus produtos”,
adiantou.
Formada em
administração, Vandircéia contou que trabalhou durante nove anos
em sua área e há dois, quando ocupava o cargo de gerente de
compras de uma grande empresa, decidiu abrir o negócio.
A decisão de
mudar veio com a gravidez, com a vontade de conciliar o trabalho
com a família, e gerou críticas. Mas ela não se arrepende.
“[Falaram] ‘Você é louca, imagina, agora com a filha é que você
tem que ter esse serviço’. E eu falei ‘não, mas eu creio que vou
conseguir’”, contou.
Depois de dois
anos, Vandircéia conquistou mais de 300 consumidores e acumula
elogios ao levar os produtos às casas dos clientes. “As
vantagens são o preço, a qualidade e o sossego de trazer aqui na
minha porta e, às vezes, ela traz coisas diferentes, isso
encanta”, elogiou a professora aposentada Márcia Papaterra
Limongi.
“Temos que
confiar primeiro em nós mesmas e na luta porque, se você fizer
com coragem, com dignidade, honestidade, dá tudo certo”, ensinou
Vandircéia.
“Sempre teve
esse perfil da mulher de ser empreendedora e hoje em dia ela
consegue, abrindo uma empresa, ajudar de uma maneira que é não
só auxiliar financeiramente, mas fazer sucesso”, resumiu Paola
Rosa, consultora de marketing do Sebrae.
*Fonte:
G1/São Carlos / Foto: Marlon Tavoni
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